Biden anuncia pacote de sanções contra a Rússia; mercados globais caem

O Senado da Rússia autorizou nesta terça (22) o envio de tropas para a Ucrânia, um dia após o governo de Vladimir Putin reconhecer territórios separatistas na Ucrânia e ordenar a entrada de militares no país vizinho. Com a medida, Donetsk e Luhansk não serão mais reconhecidas como território ucraniano. Os EUA e países da União Europeia condenaram a medida e responderam que preparam sanções imediatas contra a Rússia. Nesta terça o presidente Joe Biden anunciou um pacote de medidas contra a Rússia em retaliação à investida do governo russo na Ucrânia.

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O governo russo disse que tem o direito de realizar a entrada  — que ele não chamou de “invasão”– depois de declarar a independência dessas regiões. Putin também reconheceu a área expandida de Donbass como parte integrante das duas regiões separatistas. O presidente russo reafirmou que a entrada dos militares não significa uma ação militar.

Em resposta, o presidente dos EUA Joe Biden fez agora há pouco um discurso em resposta aos últimos movimentos russos. Biden disse que a Rússia anunciou que agora tem um pedaço da Ucrânia, o que é “uma violação flagrante das leis internacionais e merece resposta”.

“Trata-se de uma invasão da Ucrânia, e Putin pediu permissão do seu Parlamento para isso. Vou anunciar por isso o primeiro pacote de sanções em resposta a essa movimentação da Rússia”, declarou Biden. “Vamos cortar a forma como a Rússia pede financiamento aos mercados internacionais. A Rússia vai pagar preço mais alto, com mais sanções e não poderá mais pegar mais dinheiro do Ocidente.”

As sanções incluem cortar o acesso ao financiamento ocidental do Banco VEB e bancos militares russos. Biden também afirmou que a partir desta quarta-feira (23), também haverá sanções financeiras contra a elite do país, formada por oligarcas, e seus familiares. O presidente norte-americano destacou que vai transferir tropas adicionais dos EUA para os países bálticos do lado leste da Otan, próximo à fronteira russa.

“Quem, em nome de Deus, Putin pensa que lhe dá o direito de declarar chamados ‘novos países’ em território que pertence aos seus vizinhos?”, questionou Biden, em discurso.

Encontro de Biden e Putin é cancelado

Biden disse que os EUA e Europa “não querem que a guerra tenha início”. E repetiu: “A Rússia está atacando a soberania da Ucrânia. Iremos apoiar os aliados da Otan nos territórios. Putin mostrou claramente não ter disposição de ter diálogo com a Europa. Há 150 mil soldados na fronteira da Ucrânia.” Mas Biden ponderou:  “Ainda há como evitar o pior cenário.”

O secretário de Estado dos EUA Antony Blinken reforçou o discurso de Biden contra a Rússia. Disse em pronunciamento que o país aumentará as sanções se o governo russo intensificar as ações militares na Ucrânia. Falou em solução pela diplomacia, mas reiterou que a resposta americana e de aliados será “dura” caso ocorra a invasão da Rússia.

Blinken anunciou ainda que encontro com Lavrov (Rússia) entre Putin e Biden, que aconteceria esta semana, será cancelado. “Não há o menor sentido em realizar a reunião”, declarou.

Crise na Ucrânia abala mercados: NY cai e petróleo sobe ainda mais

Com o aumento das tensões, as bolsas em Nova York fecharam no negativo: Dow Jones cedeu 1,42%, S&P500 caiu 1,02% e Nasdaq recuou 1,23%. O petróleo fechou em alta: Brent para abril avançou 1,52%, para US$ 96,84 por barril. O WTI para abril subiu 1,88%, a US$ 91,91.

As bolsas europeias fecharam majoritariamente em queda nesta terça-feira, 22, em meio à escalada da crise geopolítica envolvendo a Ucrânia e aos primeiros anúncios de sanções contra Rússia. Apesar disso, o índice pan-europeu Stoxx 600 subiu ligeiramente 0,07%, a 455,12 pontos.

Desde a segunda-feira, o clima na Europa azedou depois de o presidente russo, Vladimir Putin, autorizar o envio de tropas para as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, informou hoje as primeiras sanções que seu país vai impor à Rússia. Além disso, os presidentes da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e do Conselho Europeu, Charles Michel, informaram que um primeiro pacote de sanções formais será anunciado ainda nesta terça. Já o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou que decidiu suspender a certificação do gasoduto Nord Stream 2, que liga o país à Rússia.

Analista-chefe da CMC Markets, Michael Hewson acredita que é mais provável que a natureza fragmentada de quaisquer sanções possa encorajar Putin mais adiante. “Putin já declarou que não reconhece as fronteiras atuais da Ucrânia, o que sugere que ele não vai parar até que toda a Ucrânia seja reabsorvida dentro da esfera de influência da Rússia”, destaca em análise.

De acordo com Hewson, em Londres, o FTSE100 liderou a recuperação das mínimas do dia, fechando em alta de 0,13%, a 7.494,21 pontos. Ações da Antofagasta subiram 0,68%, após a mineradora divulgar seus resultados, e o papel do banco britânico HSBC teve alta de 0,04%, também na esteira de seu balanço.

Na Alemanha o índice Ifo de sentimento de empresas subiu pelo segundo mês consecutivo em fevereiro, a 98,9 pontos, superando as expectativas de analistas. Em Frankfurt, o DAX teve queda de 0,26%, a 14.693,00 pontos, com ação da Volkswagen saltando para mais de 7%, após a montadora alemã revelar estar em conversas avançadas para o possível lançamento de uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) de ações da Porsche AG.

Em Paris, o CAC 40 teve uma baixa de 0,01%, a 6.787,60 pontos.

Em Lisboa, o PSI 20 teve queda de 0,52%, 5.464,92 pontos.

Em Milão, o FTSE MIB baixou 0,02%, a 26.043,96 pontos.

Em Madri, o Ibex 35 subiu 0,05%, a 8.493,20 pontos, com ações de Iberdrola (+1,14%) e IAG (+1,57+) nos destaques.

Já o Moex, de Moscou, reverteu as quedas do começo do dia e fechou em alta de 1,58%, a 3.084,74 pontos.

A Capital Economics prevê que possíveis sanções à Rússia podem fazer com que o rublo caia mais de 10%, elevando ainda mais a inflação e levando o banco central a aumentar em mais 200 pontos-base os juros, para 12,0% ao ano. Além disso, para a consultoria, as restrições podem causar uma profunda recessão na economia russa, com uma possível queda de 4% a 5% no Produto Interno Bruto (PIB).

Medidas de restrição à Rússia

A Casa Branca, sede do Executivo americano, já tinha anunciado nesta segunda-feira (21) medidas de restrição e sanções econômicas à Rússia. Ontem, o país asiático disse reconhecer a independência de regiões separatistas.”

Segundo lideranças ocidentais, este é o primeiro passo da ocupação militar russa da Ucrânia, anunciada pelo presidente russo Vladimir Putin, contrário à entrada do país vizinho à aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Putin tem feito duras críticas ao que considera a possibilidade de haver aparatos militares dos EUA, como mísseis e tropas, na fronteira com seu país. Ontem, a Rússia anunciou tem eliminado dois veículos com militares “sabotadores” ucranianos que tentaram invadir o país

A reação das lideranças dos Estados Unidos e União Europeia foi anunciar “medidas econômicas duras e rápidas” contra a “invasão russa da Ucrânia”.

“Seguimos a conversar de perto com a Ucrânia e parceiros aliados sobre os próximos passos e insistimos que a Rússia reduza as tensões imediatamente”, informou comunicado da Casa Branca.

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Além das sanções, o governo dos Estados Unidos informou também que o presidente americano Joe Biden assinou ordem executiva com novas medidas unilaterais contra a invasão. Entre elas, os EUA proíbem:

  • novos investimentos nas “assim chamadas” regiões independentes Donetsk e Luhansk;
  • importação ou exportação, direta ou indireta, de produtos, serviços ou tecnologias destas ou para estas regiões; e
  • aprovação, facilidade financeira ou garantia financeira por cidadão americano a estas proibições.

A medida também traz restrições à circulação de pessoas que estiveram nestas regiões ou ocuparam cargo público ou político.

“O objetivo desta ordem executiva é negar à Rússia a oportunidade de lucrar com as violações latentes às leis internacionais. Estas ações não são direcionadas ao povo Ucraniano, nem ao seu governo”, ressaltou a nota.

[As medidas] foram desenhadas para apoiar as pessoas inocentes que vivem nestas regiões da Ucrânia e que não tiveram escolha nas ações ilegítimas e desestabilizadoras da Rússia”, completou.

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União Europeia amplia restrições a autoridades da Rússia e anuncia pacote de ajuda à Ucrânia

Ontem, o Comitê de Relações Exteriores, do Conselho da União Europeia, condenou a concentração de forças militares russas ao redor da Ucrânia, o aumento das violações de cessar-fogo na região, bem como as provocações feitas pelos grupos separatistas ucranianos, que agora contam com apoio de Moscou.

Além disso, o grupo também ampliou as restrições contra as regiões separatistas da Ucrânia e contra a Rússia, diante das violações do Acordo de Minsk e das regras internacionais.

O chefe de diplomacia da UE, Josep Borrell comunicou nesta terça que a um pacote de sanções à Rússia está previsto e que deve ser anunciado em breve. Em entrevista coletiva, o líder afirma que as sanções vão atingir políticos russos, assim como bancos, mercados de capitais e o setor de defesa do país. Por fim, ele afirma que o pacote foi aprovado por unanimidade pelos Estados membros e “prejudicará a Rússia e prejudicará muito”.

Desde 2014, a União Europeia mantém sanções contra o governo russo em resposta à “anexação ilegal da Crimeia“. Há mais de 7 anos, a comunidade de países europeus proíbe a importação e exportação de bens, serviços e tecnologias da região, bem como os financiamentos à Rússia.

Segundo comunicado, mais cinco indivíduos da Duma russa, “eleitos para representar a península da Crimeia, ilegalmente anexada”, passaram a integrar a lista de restrições da UE ontem por causa de “ações e contribuições que minam ou ameaçam a integridade territorial da região, bem como a independência e soberania da Ucrânia”.

As restrições incluem o congelamento de bens e a proibição de viajar, entrar ou transitar pela UE.

O Conselho também anunciou um pacote de 1,2 bilhão de euros em auxílio macroeconômico à Ucrânia, apoio ao treinamento militar de tropas ucranianas, bem como suporte ao treinamento contra ataques cibernéticos e contra campanhas de desinformação com uma missão de especialistas ao País.

Reino Unido segue líderes da região com primeiro pacote de sanções

Nesta terça-feira (22), em pronunciamento a membros da Câmara dos Comuns, o premiê britânico Bóris Johnson anunciou que o governo colocou sanções em prática contra cinco bancos russos e três indivíduos “com alto poder aquisitivo”.

Segundo anunciou, o governo inglês deve congelar os bens dos oito alvos, proibir a circulação pelo território e impedir a realização de negócios.

De acordo com Johnson, as sanções contra a Rússia foram impostas apesar de ele e outros líderes mundiais terem dado “todas as oportunidades” de um caminho diplomático para a crise na Ucrânia.

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Pedro Caramuru

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