Diante da crise do Credit Suisse, crescem as preocupações de cotistas de fundos imobiliários sobre o que pode ocorrer com os FIIs geridos pela Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG) no Brasil, entre os quais estão nomes como HGRU11 e HGLG11.
O Suno Notícias conversou com o professor Marcos Baroni, analista CNPI, especialista em Fundos Imobiliários da Suno Research, para entender o que pode acontecer com os FIIs da CSHG.
Segundo ele, os investidores destes fundos imobiliários podem ficar tranquilos por enquanto porque, caso ocorram problemas de solvência do banco, os FIIs não serão impactados por serem separados da tesouraria do banco.
Para o especialista, essa é uma das grandes virtudes dos FIIs. “Mesmo que sejam ligados a bancos ou gestoras que possam ter dificuldades específicas em seus balanços, os ativos conseguem seguir seu caminho naturalmente. Na prática, a contabilidade e o patrimônio em si são segregados e isso deveria, inclusive, trazer até mais conforto aos investidores.”
Os gestores de FIIs, como é o caso da CSHG, são prestadores de serviço. Se houver um problema na Europa que impacte a operação do Credit Suisse no Brasil, a CSHG é um prestador de serviço dos FIIs que pode ser substituído, segundo o analista.
Ele fez uma analogia com o dono de um apartamento que vê a imobiliária quebrar, mas nem por isso perde seu imóvel, pois a imobiliária é uma prestadora de serviço.
Caso o pior cenário aconteça, é possível que o CSHG passe por mudanças internas ou mesmo busque outras gestoras para consolidar suas operações e fundos.
Segundo Baroni, não é um movimento de curto prazo e, caso a situação do CSHG no Brasil se agrave, eventuais mudanças de administração e gestão poderiam levar alguns meses para serem efetivadas.
Risco é Credit Suisse perder talentos
No entanto, existe um sinal amarelo na história do Credit Suisse e os fundos da CSHG. O principal risco é que o Credit Suisse comece a perder talentos na gestora no Brasil, o que poderia ter um impacto negativo sobre os fundos imobiliários da casa.
Segundo Baroni, o negócio de gestão de fundos de investimento depende muito da qualidade do time de profissionais. “Se a CSHG começar a perder seus talentos, poderemos ver um impacto negativo nos fundos”. “É como um time de futebol que sem recursos não consegue contratar nem reter os melhores jogadores nem disputar nas melhores ligas”, compara.
Ele destaca, no entanto, que o CSHG não está enfrentando este tipo de problema hoje no Brasil. Entre os nomes que comandam a gestora estão o head de Real Estate Augusto Martins e o diretor Bruno Margato, e ambos estão na casa há mais de 5 anos.
Para o especialista da Suno, os cotistas dos FIIs da CSHG devem ficar atentos aos serviços prestados pela gestora. “É importante observar se os fundos seguem ativos, comprando, vendendo imóveis e fazendo reformas. Hoje isso está acontecendo normalmente”, destaca.
Veja quais FIIs são geridos pelo Credit Suisse no Brasil:
- CSHG Real Estate FII (HGRE11)
- CSHG Logística FII (HGLG11)
- CSGH Recebíveis Imobiliários FII (HGCR11)
- CSHG Imobiliário FOF FII (HGFF11)
- CSHG Renda Urbana FII (HGRU11)
- CSHG Residencial FII (HGRS11)
- Castello Branco Office Park FII (CBOP11)
- CSHG Prime Offices FII (HGPO11)
Entenda crise do Credit Suisse
O crise do Credit Suisse tem se agravado nos últimos tempos, e as ações têm sofrido uma forte desvalorização na bolsa de Nova York.
É esperado que o banco precise de uma potencial reestruturação interna e reforço de capital, mas ainda há dúvidas se será um caso de insolvência.
“Seguiremos atentos aos próximos movimentos do Credit Suisse, pois sabemos que uma gestora precisa contratar e reter equipes em suas operações, até para que o reflexo positivo ocorra nos resultados. Por ora, nada muda para o CSHG e seus fundos imobiliários aqui no Brasil”, diz Baroni.