Crise da Evergrande não contaminou incorporadoras, diz BC chinês
O Banco Popular da China (PBoC) informou, nesta sexta-feira (15), que a crise na incorporadora Evergrande é única. A possibilidade de calote do conglomerado não contaminou os outros players do setor, que permanece estável.
As dívidas da Evergrande estão em torno de US$ 300 bilhões (cerca de R$ 1,63 trilhão). Em meados de setembro, a empresa disse que poderia não pagar credores de dívidas em dólar. O grupo, que possui outros negócios, é a segunda maior incorporadora do país.
O caso chamou atenção por dois motivos. O primeiro diz respeito à sustentabilidade do setor como um todo. A Evergrande é a incorporadora mais endividada do planeta e um colapso, parecido como do banco Lehman Brothers, na crise de 2008, parece iminente para alguns especialistas.
Por outro lado, o setor de construção civil é o principal vetor de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China, sendo responsável por quase 25% da economia do país.
A Evergrande ocupa o segundo maior registro de vendas de imóveis em outubro. Caso ela quebre, há dúvidas sobre o que pode acontecer com o segmento imobiliário do país e, consequentemente, a desaceleração da China que já está em curso.
De acordo com Zou Lan, diretor do departamento de mercados financeiros do Banco Popular da China, os riscos apresentados pela Evergrande são “controláveis”.
“Os problemas do China Evergrande Group no setor imobiliário são um fenômeno individual”, apontou o diretor, observando que os preços dos imóveis permaneceram estáveis, segundo reportou a CNBC.
“A maioria dos negócios imobiliários está operando de forma estável e tem bons indicadores financeiros, e o setor imobiliário em geral está saudável.”
Clientes da Evergrande serão protegidos
Zou também disse, nesta sexta, que as autoridades governamentais chinesas irão proteger os consumidores individuais que realizaram compra de imóveis. Da mesma forma, está no radar apoio financeiro para a retomada da construção.
Muitos apartamentos novos no país são vendidos aos consumidores antes da entrega efetiva.
Com isso, os problemas financeiros e projetos incompletos de Evergrande podem deixar clientes sem suas economias ou grandes hipotecas, além de trazer total incerteza sobre quando as residências serão concluídas, caso realmente sejam finalizadas.
O BC não indicou quais mudanças na política monetária seriam realizadas em função da crise da Evergrande. O chefe de departamento, Sun Guofeng, disse que o PBoC continuaria a implementar sua pauta normalmente. Ele comentou, ainda, que fatores como a inflação são controláveis.