O diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo Souza, afirmou nesta quinta-feira (15), durante a entrevista coletiva sobre a divulgação do Relatório de Estabilidade Financeira (REF), que a atual crise decorrente da pandemia do novo coronavírus (covi-19) tende a ser menos severa do que a recessão de 2015 e 2016.
“Entendemos que no nosso cenário atual, o nível de inadimplência deverá ser inferior ao nível da crise de 2015 e 2016, naquela oportunidade se atingiu ali 4%, então acreditamos que a inadimplência no fim da pandemia deva ficar no patamar de 3%. É importante destacar que as provisões do sistema financeiro têm sido suficientes para cobrir essas perdas”, salientou Souza.
“Ninguém sabe ainda ao certo como vai ser o fim da atual pandemia, há muita incerteza. Mas pela própria retomada da atividade, o mercado já estima hoje uma queda menor do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020″, disse Souza.
Para o diretor, com as taxas de juros em seus mínimos históricos, é possível alongar as operações das empresas para que se adequem nas capacidades de pagamento. “Temos preocupação com nível de endividamento, mas ao que tudo indica sairemos da crise de forma mais rápida do que aconteceu em 2015 e 2016”.
Souza informou também que o financiamento externo brasileiro neste momento de crise se manteve estável. Na avaliação do REF houve um aumento nominal da dívida das empresas no mercado externo, mas está relacionado à questão cambial.
Como esperado, o crédito bancário apresentou destaque entre as grandes companhias. A rentabilidade das empresas não financeiras de capital aberto piorou, mas se manteve melhor do que em 2016 e 2017. Souza indicou que o crédito bancário faz uma trajetória ascendente às micros, pequenas e médias empresas devido aos programas governamentais de incentivo operacionalizados em junho de 2020.
Por fim, o diretor concluiu que o auxílio emergencial e a repactuação de dívidas foram importantes para ajudar a economia do Brasil e as pequenas e médias empresas a enfrentarem a crise da pandemia.