Nesta quinta-feira (24), completam-se 90 anos da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Em 24 de outubro de 1929 a maioria das ações de empresas americanas registraram uma forte queda, gerando o pânico no mercado financeiro.
O episódio, que ficou conhecido como a crise de 1929 provocou um enorme impacto na economia norte-americana e do resto do mundo. Iniciando uma década de depressão econômica.
Para entender a crise de 1929, é preciso compreender o contexto em que se encontravam os Estados Unidos e a economia mundial naquele período. Após o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1919), vários países da Europa viviam uma situação delicada. Suas economias saíram do conflito enfraquecidas, os consumos se contraíam, a inflação disparava e as contas públicas estavam fora de controle.
Os Estados Unidos, por outro lado, passavam por um crescimento industrial e urbano acelerado no pós–guerra. O país se beneficiou com a exportação de bens industriais e de consumo para os países europeus no período entre guerras. Além disso, os grandes bancos privados norte-americanos financiaram boa parte da economia europeia.
Era a época dos “Gloriosos anos vinte”. O desemprego nos Estados Unidos era baixo, a produção agricultura avançava, as industrias produziam a todo vapor, os preços dos produtos diminuíam e o consumo era incentivado pela expansão do crédito e pelo parcelamento do pagamento de mercadorias.
Com esse cenário de bonança, muitas pessoas acabaram se endividando para comprar ações na Bolsa de Valores de Nova York. A procura por empréstimos era tão grande que a soma das dívidas existentes era maior do que todo o dinheiro que circulava nos Estados Unidos à época.
Mas, com o passar do tempo, a economia europeia se restabeleceu e esses países passaram a importar cada vez menos produtos dos EUA. Além disso, inovações tecnológicas, como a invenção dos tratores mecanizados, fizeram com que a produção agrícola mudasse. Dessa forma, apesar de aumentar a produção de alimentos, o desemprego começou a crescer nos campos.
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O excesso de endividamento, junto com as mudanças na economia e no comércio internacional, levaram a falência de muitos bancos. Especialmente aqueles que concediam empréstimos rurais, já que a agricultura não era mais tão lucrativa.
Mas foi a decisão do Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano em agosto de 1929, de aumentar as taxas de juros entre 5% e 6% ao ano que agravou a crise.
A alta acabou pressionando o mercado de ações, que começa a entrar em queda a partir de setembro do mesmo ano. Baixas sucessivas geraram um “efeito dominó”, que culminou na grande queda no dia 24 de outubro de 2019. A data ficou conhecida como “quinta-feira negra“. Já na abertura dos negócios do dia, o índice Dow Jones recuou 11%.
Apesar dos esforços de bancos e empresas de investimentos para acalmar o mercado, o índice de ações continuou registrando fortes quedas nos dias seguintes. O Dow Jones recuou 12% na segunda-feira e 12,8% na terça-feira. O índice seguiu no vermelho durante quatro anos consecutivos, anulando ganhos de quase uma década na bolsa.
Nos anos seguintes ao crash da bolsa, os Estados Unidos entraram em um período de grande dificuldade econômica que ficou conhecido como a “Grande Depressão”. A desaceleração da atividade causou um enorme aumento no desemprego, que acabou se estendendo ao longo de todos os anos 1930.
Especialistas divergem sobre se a crise de 1929 contribuiu para Grande Depressão. De acordo com o historiador financeiro Richard Sylla, “As pessoas ignoram o fato de que o mercado de ações teve uma forte recuperação após o acidente, porque é inconveniente para a história. O grande mito é que o colapso da bolsa causou a Grande Depressão. Isso faz parte do aprendizado de todos os alunos nas escolas, mas os historiadores financeiros não acham que a evidência é muito forte para isso.”, disse o especialista em entrevista à revista americana “Time”.
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