Crescimento da indústria deve desacelerar em 2022 por causa de juros, energia e incertezas, avalia Inter (BIDI11)

A indústria brasileira deve ter um ano desafiador à frente em 2022, reflexo dos juros altos, encarecimento da energia elétrica, incerteza eleitoral e avanço da inflação e desemprego que corroem a demanda final de consumidores, avalia o banco Inter (BIDI11).

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Segundo relatório aos clientes, o último indicador do setor divulgado, referente à novembro de 2021, aponta uma tendência de retração para a indústria, sob pressão de gargalos de oferta que ainda estão vigentes e pela piora das condições econômicas de forma geral.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a produção da indústria brasileira caiu 0,2% em novembro de 2021 ante outubro do mesmo ano e 4,4% em relação ao mesmo mês no ano anterior.

Entre os componentes do índice, o maior recuo foi na indústria de bens de capital, de 3,0% em relação ao mês anterior. Para Daniel Arruda, que assina o relatório do banco Inter, a queda deve antecipar “provável movimento negativo em 2022”.

“Essa categoria [indústria de capital] foi extremamente beneficiada pelos juros baixos ao longo do ano, acumulando alta de 30,7% em relação a 2020”, destaca no texto.

“Para 2022, o desempenho dessa categoria deve observar alguma reversão à tendência pré-pandemia, com riscos adicionais ligados ao crédito mais caro para firmas, à interrupção de projetos de investimento com o aumento da incerteza ligada às eleições.”

Destaque positivo é da indústria de bens duráveis

Segundo a pesquisa do IBGE,  a indústria de bens duráveis teve destaque positivo com crescimento de 0,5% com relação a outubro. Em especial, a produção de veículos e carrocerias, que, apesar de ter crescido em novembro segue 16,3% abaixo do nível pré-pandemia.

“Para o próximo ano, o segmento também será impactado pelo custo mais elevado do financiamento de veículos, embora a oferta possa se beneficiar significativamente da normalização dos gargalos de produção, com projeção de retorno gradual do fornecimento de semicondutores”, destaca o Inter.

Outro ponto destacado é a recomposição dos estoques. “Desde o início da pandemia, com a mudança nos padrões de consumo e restrições de oferta, diversas firmas tiveram dificuldades em recompor os estoques”, afirma Arruda sobre a indicação de que o estoque para o setor superou o planejado.

Segundo o especialista, o número reflete tanto fatores positivos quanto negativos para a indústria. “Por um lado, mostra arrefecimento dos gargalos de oferta, de forma que a firma consegue adaptar sua produção ao nível desejado.”

“Por outro, esse movimento também pode estar associado com alguma decepção com a demanda, na medida em que os problemas econômicos atuais impactam a atividade e os novos pedidos à indústria“, explica.

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Pedro Caramuru

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