O apetite por investimento em ações do Ibovespa teve uma significativa melhora, aponta pesquisa da XP para o mês de novembro. Além disso, a preocupação com risco fiscal doméstico aumentou no período.
De acordo com a pesquisa da XP, houve um aumento de 37% para 40% dos assessores indicando que seus clientes planejam aumentar sua exposição em renda variável. Os analistas da XP destacam a queda de juros como principal motivo.
“Com a queda da taxa de juros da Treasury de 10 anos entre o final de outubro e o início desse mês, e o fechamento da curva de juros no Brasil, o apetite por risco voltou a ganhar fôlego entre os investidores no Ibovespa“, diz a XP
Os setores destacados do Ibovespa na preferência dos assessores de investimentos são os mais defensivos, como elétricas, saneamento e financeiro. Por outro lado, transporte e educação seguem como os setores menos indicados pelos assessores.
Por sua vez, uma porcentagem de 81% dos clientes de assessores apresentam menos de 25% de suas carteiras alocadas em ações.
O documento ainda revela que a renda fixa continua como a classe de ativos preferida dos investidores, seguida por fundos imobiliários (FIIs).
Ações: quais os principais riscos para bolsa de valores?
Em relação aos principais riscos para Bolsa brasileira, a política fiscal foi apontada como a principal preocupação pelos assessores, subindo de 28% para 46%.
Dados da XP mostram que a possibilidade de recessão nos EUA ficou em segundo, seguido por uma política monetária mais dura nos mercados desenvolvidos.
Também valem destacar a elevação dos riscos geopolíticos em meio à continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia, e agora o conflito entre Israel e Hamas.
Para o ano que vem, cerca de 39% dos assessores acreditam que o Ibovespa encerra 2024 entre 120 mil e 130 mil pontos. A média das respostas indicou o índice em 125 mil pontos ao fim do ano. Aqueles que acreditam no Ibovespa abaixo dos 120 mil pontos ao fim de 2024 representam 29%.
“O sentimento dos assessores XP em relação à Bolsa se tornou mais positivo em novembro, com 63%, alta de 13% no comparativo mensal, dando nota 7 ou maior (numa escala de 0 a 10) sobre seu sentimento em relação à Bolsa”, conclui a corretora.
Volume da bolsa só deve melhorar com Selic de um dígito, diz Goldman Sachs
Os analistas do Goldman Sachs cortaram o preço-alvo da B3 (B3SA3) para R$ 14,50 – ante R$ 14,80 anteriormente – com recomendação neutra, destacando que o volume só deve subir significativamente quando a taxa básica de juros ficar abaixo de 10%
O relatório do Goldman Sachs sobre as ações da B3 se deu logo após uma conversa com executivos da companhia, incluindo o CFO, Andre Milanez, e o RI, Leandro Rissato.
“Apesar de volumes possivelmente não aumentarem de forma significativa até que os juros (ou a taxa Selic) caiam abaixo de 10%, a administração acredita que as aquisições ainda podem ser adicionar valor e está focada em extrair sinergias no lado dos custos e das receitas”, afirmam.
“Além disso, a gestão segue empenhada em devolver capital aos acionistas sob a forma de dividendos e recompras”, completam.
Os analistas continuam com estimativa de que a companhia da bolsa de valores feche o ano com R$ 8,9 bilhões de receita líquida e R$ 4,2 bilhões de lucro líquido.
Essas projeções são marginalmente menores do que as anteriores, que contemplavam R$ 9,11 bilhões de receita e R$ 4,31 bilhões de lucro líquido.
Apesar da recomendação neutra, os analistas consideram B3SA3 um papel ainda relativamente defensivo e com patamares de geração de caixa considerados saudáveis.
Cortes nos juros aumentam compras na Bolsa, mas podem esconder uma armadilha, diz gestor
No começo deste mês, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 12,25% ao ano, influenciando uma série de investimentos. Em entrevista ao canal Suno Notícias, no Youtube, Eduardo Aun, gestor de Macro da AZ Quest, afirmou que espera os juros terminais abaixo de 10% e listou as principais preocupações do mercado nesse cenário.
De acordo com a o boletim Focus, para 2024, o mercado espera que a taxa de juros termine o ano em 9,25%. Já para 2025, a expectativa é de que a taxa Selic chegue a 8,75% e, em 2026, 8,50%.
Segundo Aun, uma das principais preocupações é o cenário externo. “A gente acredita que o juro terminal chegue abaixo de 10%. A grande restrição é o cenário externo – existem preocupações que são legítimas, como o aperto de liquidez no ano que vem, com as emissões corporativas.”
Para Aun, uma taxa terminal abaixo de 10% acarretaria em outro valuation para Bolsa e também impactaria o comportamento do câmbio, principalmente se houver um diferencial de juros menor entre os países.
“No final das contas, o juro é o grande juiz no valuation da Bolsa. A Selic abaixo de 10% vai incentivar a compra em Bolsa, com mais procura por um maior retorno em relação ao CDI”, explica o gestor.
No entanto, Aun alerta que a Bolsa barata pode ser uma armadilha ao gestor. “Ela pode continuar barata e exigir um carrego que vai perder dinheiro rodando contra o CDI”. Em termos de setor, o gestor diz que a AZ Quest vem mantendo posições mais consistentes em ações de bancos e em small-caps, que tendem a se valorizar com a queda dos juros.
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