Creditas vai crescer 3 vezes em 2019 e contratar 500 pessoas, diz VP

A Creditas estima crescer três vezes ao ano pelos próximos três anos, segundo o vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios da empresa, Fábio Zveibil. Outra meta é contratar até 500 pessoas em 2019 – já foram cerca de 50 até o momento.

Fábio Zveitil conversou com a Suno Notícias sobre a licença obtida junto ao Banco Central nesta quinta (24) para começar a operar sua Sociedade de Crédito Direto (SCD). A Creditas Sociedade de Crédito S.A. tem capital social de R$ 5 milhões e seu controlador é Romulo Kfuri Mendes, sócio da fintech.

Saiba mais: Exclusivo: Creditas obtém autorização do BC para operar como banco

O VP diz que a fintech trabalhava há dois anos muito próxima do Banco Central. “A agenda do BC e a agenda das fintechs de crédito são muito próximas. O nosso foco é baixar as taxas de juros do mercado e dar maior transparência aos consumidores”, diz ele.

O processo começou com as novas regras para fintechs elaboradas pelo Banco Central. Em abril de 2018, a instituição publicou uma resolução que regulava a atuação de fintechs de crédito no País. A norma do BC trouxe duas novas modalidades. A Sociedade de Crédito Direto e a Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP).

A Creditas foi a primeira fintech a entrar com a solicitação para operar SCD. Na definição da norma, trata-se de uma “instituição financeira que tem por objeto a realização de operações de empréstimo, de financiamento e de aquisição de direitos creditórios exclusivamente por meio de plataforma eletrônica, com utilização de recursos financeiros que tenham como única origem capital próprio.”

Ou seja, mesmo com a licença de SCD, a Creditas não pode captar recursos do público, exceto mediante emissão de ações, e nem participar do capital de instituições financeiras. O dinheiro usado nos empréstimos oferecidos pela Creditas vem de investidores.

“A licença faz todo o sentido pra gente”, diz Zveibil. “Ela nos permite maior agilidade nos processos internos – que vai se traduzir imediatamente aos clientes -, mais eficiência, nos dá alternativas para fazer os contratos”.

A Creditas trabalha com quatro parceiros, que cresceram juntos da fintech: Santana Financeira e Sorocred, focadas em veículos, e CHP e Fapa, duas companhias hipotecárias. O VP diz que as parcerias continuam da mesma forma que antes, sem mudança alguma.

Competição no mercado de fintechs

Questionado sobre o acirramento no mercado das fintechs no Brasil, Fábio Zveibil diz enxergá-lo como algo bom. “Não vejo problema na competição, vejo como algo bom. O Nubank deu acesso a crédito pra muita gente que não tinha, o GuiaBolso deu acesso a informações financeiras a quem precisava, a Creditas está dando crédito barato pra muita gente”, diz o VP. “O que acontece quando as fintechs chegam com modelos de negócios diferentes e preços mais baixos é que você melhora o mercado”.

O executivo deu as contas do setor. Segundo os últimos dados do Banco Central, o mercado de crédito de pessoa física no Brasil é de aproximadamente  R$ 1,7 trilhão. Estima-se que seja entre 10 e 20 vezes menor do que o dos Estados Unidos. “O brasileiro médio tem R$ 7 mil em dívidas. O americano médio tem R$ 150 mil (cerca de US$ 40 mil) em dívidas. O brasileiro não está muito endividado, ele está mal endividado, porque ele paga tantos juros que não sobra dinheiro para pedir mais empréstimo”.

“Os empréstimos mais comuns (empréstimo pessoal, cheque especial e cartão de crédito) têm taxas na média de 140% ao ano. Então a pessoa pega R$ 5 mil emprestados e, depois de um ano, precisa devolver R$ 12 mil. É uma dívida alta, de curto prazo, com parcelas pesadas. O nosso produto é o contrário: tem taxas baixas, prazo longo e valor alto. Conseguimos dar às pessoas melhores condições. Com a gente, ela vai pegar R$ 20 mil em vez de R$ 5 mil e pagar em quatro anos”, explica o executivo.

Zveibil afirma que a entrada de mais empresas no setor é positivo, porque faz “crescer o bolo”. “Esse R$ 1,7 trilhão seria de R$ 5 trilhões se nosso produto [empréstimo com garantia] fosse popularizado. Não existe isso de lutar por market share”, declara.

Ele diz que o setor de fintechs nasce com uma mentalidade diferente. Inovam mais rapidamente, não brigam por participação de mercado e colocam o cliente em primeiro lugar. É nele, aliás, que é pensado o desenvolvimento de tecnologias e novos produtos, segundo Zveibil.

Próximos passos

Fábio Zveibil afirma que a Creditas está trabalhando no desenvolvimento de novas tecnologias para ganhar eficiência e produtividade e conseguir dar conta do crescimento previsto. “Estamos trabalhando para popularizar nosso produto. Trabalhamos muito em educação financeira, pessoas que estão buscando conhecimento”, diz o VP.

“Conseguimos fazer duas coisas pelas pessoas: melhorar a dívida delas ou ajudá-las a realizar projetos de vida (investir num negócio, viajar, fazer uma reforma etc). Nosso foco interno é desenvolver tecnologia para melhorar os processos e, do lado externo, atingir o maior número de pessoas, com conteúdo e produtos customizados”, ele conta.

As projeções são otimistas para a Creditas. Em 2017, a receita cresceu sete vezes, em relação ao ano anterior. Em 2018, o aumento foi de cinco vezes. Para os próximos três anos, o VP projeta que o crescimento será de três vezes ao ano, ou quase 30 vezes no triênio.

Outra meta da empresa é contratar 500 pessoas em 2019, para conseguir sustentar a evolução. Só neste mês de janeiro, foram empregados cerca de 50 novos funcionários.

 

Guilherme Caetano

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