O presidente do Conselho do Credit Suisse (C1SU34), Axel Lehman, afirmou que o banco suíço não está à venda e planeja levantar US$ 4 bilhões, para fazer uma reestruturação e reduzir o tamanho do banco.
“Vamos prosperar de novo, então não há discussão de aquisição. Queremos continuar independentes”, disse em entrevista à Bloomberg Television.
A instituição financeira viu suas ações caírem mais de 50% neste ano. Com preocupações sobre sua estabilidade e saúde financeira, houve rumores de oferta de aquisição. Por isso, eventuais investidores estavam na expectativa de venda por um preço bem atrativo.
Na entrevista, o chairman disse acreditar que o segundo maior banco da Suíça vai conseguir firmar um acordo para a venda de uma participação majoritária no negócio de produtos securitizados, destinados a um grupo de private equity Apollo Global Management.
“Daqui para frente, o Credit Suisse será realmente uma operação centrada em gestão de patrimônio, centrada em empreendedores e clientes ricos”, afirmou Lehmann. Ele ainda acrescentou que o Credit Suisse prevê avançar em esforços de crescimento nos principais mercados do Oriente Médio, América Latina e Ásia-Pacífico.
Na última segunda-feira (31), o banco tinha planos de venda das ações para os investidores do Banco Nacional da Arábia Saudita. A instituição financeira se tornaria um dos maiores acionistas do Credit Suisse. Para a execução do processo, foram anunciados alguns nomes, incluindo credores europeus, empresas como o BNP Paribas, Goldman Sachs e Barclays.
Há um ano, após golpe sofrido envolvendo empréstimos feitos em Moçambique, o Credit Suisse havia prometido reestruturar-se. Desde então, a instituição financeira suíça passa por consequências de duas grandes crises: o colapso do fundo multimercado norte-americano Archegos e da empresa financeira britânica Greensill. Juntas, essas ações custaram bilhões de dólares e fez com que houvesse uma mudança na administração da empresa.
Plano de levantar US$ 4 bi para reestruturação
O Credit Suisse (C1SU34) divulgou, nesta segunda-feira (31), os detalhes de seu plano para aumentar capital em US$ 4 bilhões, com o objetivo de obter fundos para pagar por uma dolorosa reestruturação envolvendo milhares de cortes de empregos e um enxugamento de seu banco de investimento.
O Credit Suisse disse que novos investidores qualificados se comprometeram a comprar cerca de 462 milhões de ações a 3,82 francos suíços (US$ 3,84) cada, ou cerca de 94% do preço médio ponderado das ações em 27 e 28 de outubro, o que arrecadará 1,76 bilhão de francos suíços.
A operação inclui cerca de 307 milhões de novas ações emitidas para o Saudi National Bank, que terá uma participação de 9,9% no Credit Suisse após o aumento de capital.
O banco, com sede em Zurique, também emitirá 889 milhões de novas ações para os acionistas existentes, que podem comprar duas novas ações para cada sete ações detidas ao preço de 2,52 francos suíços por papel. Isso levantará mais US$ 4,02 bilhões, diz a instituição.
Levantar tal capital exigirá a aprovação dos investidores em assembleia geral extraordinária em 23 de novembro. Se os acionistas não aprovarem o aumento da forma como está proposto, o Credit Suisse afirmou que emitirá 1,77 bilhão de ações ao preço de 2,27 francos suíços por ação, que também somaria 4 bilhões de francos suíços.
Credit Suisse tem prejuízo bilionário
O Credit Suisse registrou prejuízo líquido de 4,03 bilhões de francos suíços no terceiro trimestre deste ano, revertendo lucro de 434 milhões de francos suíços em igual período de 2021. O resultado do banco foi reportado nesta quinta-feira (27).
A perda do Credit Suisse foi maior que a prevista por analistas consultados pela FactSet, que esperavam saldo negativo de 413 milhões de francos suíços.
A receita do banco suíço, por sua vez, caiu 30% na base anual dos três meses encerrados em setembro, a 3,8 bilhões de francos suíços. Neste caso, as projeções apontavam para 3,99 bilhões de francos suíços.
(Com informações do Estadão Conteúdo)