Nos EUA, índice CPI sobe 0,4% em outubro ante setembro
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos avançou 0,4% em outubro, na comparação com setembro, informou nesta quinta-feira, 10, o Departamento do Trabalho. A mediana dos analistas consultados pelo Projeções Broadcast apontava para alta maior, de 0,6%.
Na comparação anual, o CPI subiu 7,7%, também abaixo da previsão de alta de 7,9% dos analistas sobre os dados de inflação.
O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, teve alta mensal de 0,3% em outubro, ante expectativa de avanço de 0,5%. O núcleo do índice cresceu 6,3% na comparação anual, quando a previsão era de alta de 6,5%.
Inflação desacelera sem prejudicar crescimento econômico e emprego, diz Biden
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, celebrou os dados do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA divulgados pela manhã, ao afirmar em nota que eles “mostram que estamos progredindo na redução da inflação, sem abrir mão de todo o progresso que fizemos no crescimento econômico e na criação de empregos”.
Segundo Biden, seu plano econômico está demonstrando resultados.
“Levará tempo para que a inflação volte aos níveis normais – e podemos ver contratempos ao longo do caminho – mas vamos continuar e ajudar as famílias com o custo de vida”, afirmou o presidente norte-americano. “Trabalharei com qualquer pessoa – democrata ou republicana – em ideias para dar mais espaço para as famílias de classe média e trabalhadoras. E vou me opor a qualquer esforço para desfazer minha agenda ou piorar a inflação”, complementou.
CPI pode significar notícia positiva quanto ao combate à inflação
Carlos Vaz, CEO e fundador da Conti Capital, uma gestora de investimentos com foco em fundos imobiliários no segmento multifamily nos EUA, comenta o resultado: “O CPI é um índice que mede a variação de preços a partir do ponto de vista do consumidor e, então, funciona como uma maneira relevante para medir a inflação nos Estados Unidos. Sendo assim, é um indicador bastante importante para direcionar a próxima, e última, decisão do Fed neste ano.”
Vaz acrescenta: “Em uma análise complexa, e que certamente será a que o banco central precisará fazer, o dado de hoje pode significar uma notícia positiva quanto ao combate à inflação e pode ser que indique a possibilidade de diminuição de ritmo de aumento na taxa de juros. Diante dos últimos indicadores que estamos acompanhando, por hora, ainda acredito numa elevação de 50bps para dezembro. Mas, é importante ponderar que, os efeitos de todos os acontecimentos econômicos até a próxima reunião do Fed influenciarão a decisão sobre fechar 2022 com um aumento um pouco mais brando, ou seguir numa postura mais dura.”
O time de análise do BTG Pactual observa: “No número agregado (headline), ressaltamos a aceleração de Energia no mês, passando de -2,1% m/m para 1,8% em outubro, mas arrefecimento em Alimentos (0,6% m/m), concentrado nos preços no domicílio (0,4% m/m).”
Os analistas complementam: “No núcleo, observamos desaceleração em componentes relevantes, Serviços passou de 0,8% m/m para 0,51% m/m, com queda em passagens aéreas (-1,1% m/m), arrefecimento em Bens Duráveis e Saúde registrou deflação de -0,60% m/m (vs 1,0% m/m em set/22). Por sua vez, Habitação segue como principal ponto de atenção, acelerando para 0,75% m/m no mês, bastante acima da média histórica (0,3% m/m).”
E concluem: “Em suma, a leve melhora na composição do indicador reflete itens voláteis no próprio núcleo da inflação, com destaque para a perda de ímpeto no setor de Saúde por questões metodológicas.”
O BTG também comentou o impacto na próxima decisão do Fed: “Apesar da melhora na leitura, alguns componentes da divulgação de hoje e as métricas de expectativas de inflação ainda sinalizam que não há espaço para afrouxamento do discurso do Fomc com relação a inflação e este deve continuar sendo o principal ponto de preocupação do comitê. Ressaltamos que na última coletiva de imprensa, Powell focou mais no ciclo de juros e na estratégia “higher for longer” do que na inflação, mas entendemos que o CPI mais brando contribui para a estratégia de desaceleração do ritmo de elevação da taxa de juros. Atualmente mercado precifica +50 bps para dezembro, o que já era o nosso call. Seguimos vendo fed funds rate em taxa terminal de 5,00%-5,25%.”
Os analistas finalizam: “Para o cenário de inflação, aluguéis devem seguir como principal vetor altista no curto prazo e manter o núcleo e demais métricas menos voláteis acompanhadas pelo Fed em patamar elevado. Por outro lado, a redução da poupança das famílias e o temor do cenário recessivo, a despeito do apertado mercado de trabalho, deve continuar exercendo pressões baixistas sobre os gastos com bens, especialmente duráveis – cujo preço também se beneficia pela normalização das cadeias produtivas. Projetamos CPI de 7,6% para 2022 e 3,5% para 2023.”
Com informações do Estadão Conteúdo