O principal indicador da inflação nos EUA, o CPI registrou uma alta de 0,40% em março ante fevereiro, acima das projeções de de 0,30%. O núcleo, que exclui itens mais voláteis, também teve alta de 0,40%.
Os dados do Consumer Price Index (CPI) foram divulgados pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho nesta quarta-feira (10) pela manhã.
O aumento do CPI foi semelhante ao de fevereiro deste ano. No acumulado de 12 meses, o índice da inflação nos Estados Unidos subiu de 3,2% em fevereiro para 3,5% em março, marcando a segunda alta consecutiva.
“Os dados de março não foram positivos e o mercado reagiu negativamente”, avalia Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
Segundo Sung, a aceleração do índice, a estabilidade do núcleo e as altas do supercore e dos serviços, excluindo habitação, indicam um cenário inflacionário com maiores dificuldades em convergir para a meta de longo prazo de 2,0%.
“O indicador veio acima da expectativa do mercado, que estava prevendo o dado em 0,3%”, reforça Luan Alves, analista-chefe da VG Research.
Segundo o analista, o resultado pior do que esperado deve refletir em uma posição mais conservadora de Federal Reserve. “O Fed não tem espaço para acelerar a discussão de corte de juros no curto prazo”, explica Alves.
Maiores altas da inflação nos EUA em março
Em março, os preços de habitação e gasolina foram os mais impactantes no resultado, contribuindo com mais da metade da alta da inflação norte-americana.
No caso da energia, os preços subiram 1,1% no mês. Já os preços de alimentos subiram 0,1% em março, impulsionado pelo custo da alimentação fora de casa (+0,3%).
O resultado do índice de todos os itens, excluindo alimentos e energia, teve um aumento 0,4% em março, assim como nos dois meses anteriores.
As maiores altas da inflação dos Estados Unidos em março incluem habitação, seguro de veículos, cuidados médicos, vestuário e cuidados pessoais. Os índices de carros e caminhões usados, recreação e veículos novos estiveram entre aqueles que diminuíram no mês.
Reações ao CPI dos Estados Unidos de março
De acordo com Sung, o resultado aproxima mais o Fed do Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE), que atualmente está em níveis menores – 2,5% o índice cheio e 2,8% o seu núcleo em fevereiro de 2024.
“Diante deste cenário do CPI e das incertezas sobre a evolução da inflação e do mercado de trabalho, o banco central continuará adotando uma postura cautelosa”, avalia o economista-chefe da Suno Research.
Além disso, Sung defende que novos dados poderão ajustar o cenário de possíveis cortes de juros e que a casa ainda contempla a probabilidade de redução da taxa de juros em junho.
Na mesma linha, Alves aponta que o resultado da inflação nos EUA de hoje teve “uma reação negativa na bolsa americana e no mercado de juros e que um corte implícito em junho caiu de 60% para 20%, enquanto o primeiro corte totalmente precificado foi postergado de julho para novembro.”
Notícias Relacionadas