Cotação do minério de ferro chega a máxima em 17 meses

As cotações do minério de ferro na China chegaram ao nível máximo nesta quarta-feira (30) em quase 17 meses.

O preço do minério de ferro subiu sensivelmente após cortes anunciados pela Vale. A mineradora brasileira infirmou que vai interromper até 10% de sua produção. Essa operação será necessária para descomissionar 10 barragens iguais às de Mariana e Brumadinho (MG), após o desastre na semana passada.

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O aumento do preço do minério de ferro é ligado a contratos futuros negociados na China. O contrato mais negociado do minério de ferro na bolsa de Dalian fechou a 587 iuanes (US$ 87,42) por tonelada. O valor representa uma alta de 5,6%, mas a cotação tinha chegado em 589 iuanes por tonelada mais cedo durante a sessão. Esse é o maior nível desde o início de setembro de 2017.

Por sua vez, o contrato mais ativo do vergalhão de aço na bolsa de Xangai ficou praticamente estável, com alta de 0,1%, a 3.677 iuanes por tonelada. Um resultado que chegou após um crescimento de 2,6% registrado durante a sessão.

Segundo a consultoria de análise de dados de aço e minério de ferro “Tivlon Technologies”, baseada em Cingapura, os preços do minério de ferro devem atingir US$ 120 por tonelada em agosto. Um resultado que leva em consideração a prevista redução na produção da Vale.

Brumadinho muda cotação mundial do minério

O desastre de Brumadinho gerou incertezas para o mercado de minério de ferro na China. O gigante asiático é o maior importador do mundo da commodity. Por sua vez, a Vale é a principal fornecedora mundial de minério de ferro de baixo teor de alumínio. Exatamente o tipo de mineral produzido em Brumadinho. Esse tipo de minério de ferro é o preferido pelas usinas siderúrgicas chinesas. Isso por causa de seu baixo nível de impurezas, que permite produzir um aço gerando um menor nível de poluição. O governo de Pequim começou há meses uma campanha contra a poluição, e a produção industrial é um dos pontos mais importantes desse esforço.

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O desastre com a barragem em Minas Gerais também poderia provocar um endurecimento das regulamentações para a indústria de mineração em outros países, como a Austrália. Um efeito cascata que poderia levar a uma desaceleração ou até a uma redução da produção global de minério de ferro.

Efeitos do fechamento da mina da Vale

O fechamento da mina Córrego do Feijão resultará em uma redução de 1,5% na produção da Vale. Algo considerado de baixo impacto sobre a oferta mundial da commodity, segundo os analistas.

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Outros desastres

Além do desastre da Vale em Brumadinho, outros acidentes que atingiram a cadeia de fornecimento global levaram a cotação do minério de ferro a subir. Entre eles, um incêndio em uma instalação portuária pelo Rio Tinto Group no início deste mês. Além disso, em novembro houve um descarrilamento de trem que atingiu as operações da BHP Group.

O desastre de Brumadinho

A Barragem 1 de rejeitos da mina de Córrego do Feijão estourou na última sexta-feira (25). A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, é de propriedade da Vale.

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Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 84 pessoas morreram e 276 estão desaparecidas. No total, estão trabalhando no local 226 bombeiros em operações de busca. Outros 136 soldados de Israel chegaram no local para auxiliar as operações.

O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte.

A barragem rompida faz parte do complexo de Paraopeba. A mina é responsável por 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2% da produção total de minério de ferro da Vale.

Esse é o segundo desastre com barragem em que a Vale se envolve em três anos. Em 2015 ocorreu a tragédia de Mariana, com o rompimento da barragem da Samarco. Naquele desastre morreram 19 pessoas e a lama destruiu centenas de casas e construções.

A Samarco é controlada pela Vale e pela mineradora anglo-australiana BHP Billiton, cada uma com 50% das ações. As duas empresas se tornaram alvo de ações na Justiça por conta do desastre. As pessoas afetadas ainda esperam por reparação.

 

Carlo Cauti

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