Dólar abaixo de R$ 5,00 ‘testa extremos’, diz especialista
A cotação do dólar oscilou próximos aos R$ 5,00 ao longo desta semana, com margens mínimas em R$ 4,96. “O dólar continua encontrando resistência na faixa entre R$ 4,90 e R$ 5,00, testando os extremos em situações mais conflituosas ou otimistas”, comenta Diego Costa, head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio.
Enquanto os mercados globais aguardam mais direcionamentos da política monetária, nesta semana dirigentes do Federal Reserve (ou Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) apontaram que estão otimistas com cortes da taxa de juros para os próximos encontros do comitê.
A presidente do Fed em São Francisco, Mary Daly, afirmou que múltiplos cortes seriam feitos. Algo similar foi dito pelo dirigente de Boston, Raphael Bostic, que afirmou que poderia “com certeza” haver três cortes.
“No Brasil, o Ibovespa busca sustentação, mas o cenário externo exige cautela”, alerta o head de câmbio.
Altas e baixas do dólar (USD)
Ao longo da semana, o dólar americano acumulou uma alta discreta de +0,10%.
Nesta sexta-feira (16), a moeda refletiu oscilações acompanhando dados econômicos dos EUA. Durante a manhã, a moeda abriu o câmbio do dólar com leve queda de -0,01% e reverteu o cenário ainda antes das 12h, registrando uma máxima de R$ 4,9883 (+0,40%).
“Esse movimento foi impulsionado pela ampliação dos ganhos dos Treasuries após a divulgação de dados de inflação ao produtor nos EUA, que superaram as expectativas, aumentando as chances de um início de corte de juros pelo Fed em junho,” explicou Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank, fintech de transferências internacionais.
Efeitos da economia americana na bolsa brasileira
Esses dados econômicos dos EUA também refletiram no mercado brasileiro, com possibilidade de novos direcionamentos para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), que pode precisar rever o tamanho do ciclo de corte da taxa Selic neste ano.
Apesar dos direcionamentos mistos, a bolsa de valores no Brasil resistiu às oscilações do exterior. “O Ibovespa demonstrou uma resiliência notável ao manter-se em alta, mesmo em meio a quedas nas bolsas de Nova York. O desempenho foi impulsionado principalmente pelo vigor das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4), refletindo um cenário positivo nos setores de mineração e petróleo”, ressalta o CEO.
Além disso, a notícia do Fies Social para financiamento de cursos superiores impulsionou as ações de empresas de educação, contribuindo para a tendência de alta. “O mercado brasileiro continua sensível às notícias e eventos internacionais, particularmente em relação à política monetária nos EUA, o que pode continuar a moldar seus movimentos nos próximos dias”, afirma Bazzo.
O head de câmbio da B&T também pontua que a pressão norte-americano “pode levar à entrada de capital no país, redução de fluxo nas bolsas e à apreciação do dólar.”
Fechamento do dólar na semana
No encerramento da sexta-feira (16), o dólar (USD/BRL) marcava -0,14%, negociado à vista a R$ 4,9671.
Durante a semana, o calendário de negociações foi reduzido, com apenas dois dias e meio úteis. Na abertura da quarta-feira, em meio expediente devido ao feriado da Quarta de Cinzas, o dólar repercutiu dados do CPI nos Estados Unidos, divulgados na terça-feira.
Os discursos mais contundentes dos representantes do Federal Reserve estão refletindo nos indicadores do mercado de trabalho e na inflação, especialmente no que diz respeito ao consumidor e ao produtor. “Os dados vieram acima do esperado, encerrando a semana e decepcionando os investidores mais otimistas. Por enquanto, o recado está sendo bastante claro: até junho, os juros não devem ceder”, reforça Diego Costa.
O Banco Central do Brasil enfatizou que as decisões de política monetária não estarão desancoradas dos fatores externos. Dessa forma, a redução da diferença entre as taxas de juros do Brasil e dos Estados Unidos pode tornar a moeda brasileira menos atrativo para investidores estrangeiros, resultando em sua desvalorização do real para dólar.
O que esperar do dólar nesta semana?
A próxima semana, segundo o head da B&T Câmbio, também será marcada por liquidez reduzida, devido ao feriado do Dia do Presidente nos Estados Unidos logo na segunda-feira (19).
O decorrer da semana será mais intenso, com alguns eventos principais:
- Decisões de juros na China;
- Atas das últimas decisões de política monetária do FOMC e do BCE;
- Índices de atividade econômica (PMI) na Europa e nos Estados Unidos;
- Inflação ao consumidor na Europa;
- PIB da Alemanha, que assumiu esta semana o posto de terceira maior economia do mundo;
- Discursos de dirigentes Bostic, Bowman e Waller, do Fed.
No Brasil, os principais destaques serão o Boletim Focus, prévia do PIB com o IBC-Br e desdobramentos políticos com as ameaças de derrubada do veto das emendas parlamentares.