A Cosan (CSNA3) fechou a venda de 4,68% da Compass, subsidiária que atua em negócios de gás natural e energia, à Atmos Capital por R$ 810 milhões. Segundo o fato relevante divulgado nesta segunda-feira (31), a transação avalia a empresa em R$ 16,5 bilhões.
A transação marca o maior investimento da Atmos em uma empresa privada, e conta com a participação de clientes da gestora para complementar o aporte. A Compass, que desistiu de realizar sua abertura de capital em setembro do ano passado, agora passa a olhar com novos olhos a chegada à Bolsa, uma vez uma das condições precedentes do negócio é a emissão de ações na B3.
A subsidiária da Cosan explicou, em sua tentativa de IPO no ano passado, que a tese de investimento na empresa é baseada em três pilares. Em seu prospecto arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2020, a companhia dizia que conseguirá replicar nas distribuidoras estaduais o mesmo nível operacional que a Cosan implementou na Comgás.
O segundo aspecto relevante é que o Brasil dobrará sua produção de gás natural na próxima década, e a empresa estaria bem posicionada para surfar a procura pela commodity mineral. Essa percepção leva ao terceiro ponto levantado pela Compass, de que o gás é cada vez mais visto como o vetor para que o Brasil continue adotando a energia eólica e solar.
A empresa tem se mexido no sentido de ampliar sua operação e entregar a promessa de gigante do setor, com a compra de 51% da Gaspetro, controlada pela Petrobras (PETR4). O negócio está sendo costurado e deve ser fechado em meados do ano que vem.
Transação melhora o balanço da Compass e a prepara para 2022
O mercado estima que o aporte da Atmos reduza a alavancagem financeira da Compass de 1,6 vez para 1,3 vez. A melhora no balanço prepara a empresa para 2022.
A empresa aguarda os desdobramentos do ano de eleição presidencial, que deve mostrar os rumos para futuras privatizações e oportunidades de investimento. A Compass é vista como um dos principais interessados na desestatização das distribuidoras estaduais de gás.
IPO depende das condições do mercado
O presidente da Cosan, Luis Henrique Guimarães, disse que pretende abrir o capital da Compass caso as condições de mercado estiverem favoráveis ao longo deste ano. A declaração foi dada ao jornal Valor Econômico em dezembro de 2020.
A Cosan interrompeu o IPO da subsidiária em setembro por conta do nível insatisfatório de demanda, mesmo com número de compradores suficiente para atender a oferta. Na época, a empresa afirmou que a procura não garantia uma boa negociação do papel.
Além do IPO da Compass, a Cosan também visa abrir capital de suas subsidiárias Raízen e Moove.