A chegada da Cosan (CSAN3) ao mercado de mineração apresenta perspectivas potenciais positivas e investimento inicial baixo, entendeu o Goldman Sachs (GSGI34). O banco enxergou uma boa oportunidade no movimento, com apenas uma ressalva.
O banco manteve uma recomendação neutra para Cosan, com preço-alvo de R$ 21,90.
Ontem, a holding anunciou que a criação de um fundo de investimentos, que investirá em novos negócios com recursos próprios e, eventualmente, também de terceiros. O primeiro investimento da nova estrutura da Cosan será destinado ao segmento de mineração e logística.
A companhia deu o primeiro com a assinatura de uma oferta vinculante entre sua subsidiária Atlântico junto à São Luís Port Company S.A.R.L., do grupo China Communications Construction Company Limited (CCCC) e a outros acionistas minoritários. O acordo prevê a de 100% do terminal de uso privado do Porto de São Luís por R$ 720 milhões — cerca de 1,6% do valor de mercado da Cosan.
Além disso, a holding fechou um memorando de entendimentos vinculante (MoU) com a Aura Minerals (AURA33), uma subsidiária com foco em ouro e cobre do Grupo Paulo Brito, para a formação de uma joint venture para a exploração de minério de ferro, que deverá ser escoado pelo Porto de São Luís: a JV Mineração.
O MoU prevê que a Atlântico deterá 37% do capital total e controle compartilhado da nova companhia (ou seja, 50% das ações ordinárias), após o aporte do Porto de São Luís e de caixa, a depender de chamadas de capital pela administração da companhia. O início da operação está previsto para 2025.
Em relatório assinado por Bruno Amorim e Joao Frizo, o Goldman Sachs destacou o baixo investimento inicial e o potencial para novas oportunidades de investimentos, porém também chamou atenção para o risco de execução.
Itaú BBA espera mesma estratégia, apesar de setor diferente
O Itaú BBA disse ver três pontos principais em relação à entrada da Cosan no setor de mineração.
O primeiro diz respeito ao terminal portuário, visto por André Hachem, do Itaú BBA, como um ativo de alto valor estratégico devido ao acesso direto à Estrada de Ferro Carajás (EFC).
Adicionalmente, o banco aposta no histórico da Cosan e espera um contrato de take-or-pay, que não apenas ajudaria na viabilidade do projeto, mas deve facilitar a obtenção de financiamento.
O Itaú BBA destacou ainda a parceria e a gestão. A joint venture será feita com o Grupo Paulo Brito, com experiência no setor. Além disso, trará Juarez Saliba de Avelar — ex-Vale (VALE3) e ex-CSN (CSNA3) — será apontado como CEO do novo negócio. Julio Fontana, antigo diretor-executivo da Rumo (RAIL3) ingressará como membro do conselho e consultor sênior.
O banco recebeu o avanço da Cosan de maneira neutra, dada a falta de detalhes. O Itaú BBA tem classificação de Outperform para a holding e preço-alvo de R$ 30,00.
Cotação de Cosan hoje
A ação ordinária da Cosan (CSAN3) fechou em alta de 1,63% no pregão desta terça-feira (24), a R$ 22,48.