Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o corte abrupto nas tarifas de importação reduziria o Produto Interno Bruto (PIB) de ao menos 10 dos 23 setores industriais nos próximos 3 anos.
O estudo sobre as tarifas de importação foi solicitado pela Universidade de Victoria, a Austrália. De acordo com a instituição, o movimento prejudicaria a retomada do crescimento econômico do País, além de frear a diminuição do desemprego.
O governo de Jair Bolsonaro sugeriu no Mercosul reduzir a Tarifa Externa Comum (TEC). Este imposto é cobrado sobre bens que entram nos países dentro do bloco sul-americano.
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A proposta levantada pelo Brasil aos parceiros é de um corte maior do que 50% do imposto, a depender do produto. A CNI questiona o governo por não ter consultado o setor privado para propor tal medida, portanto, não mensurando o impacto regulatório que ocasionaria.
“Somos a favor da abertura, mas com diálogo e transparência. Nem a indústria nem o Congresso podem ficar de fora desse debate, pois o impacto é enorme nos estados e nos municípios industriais”, disse Robson Andrade, presidente da CNI em nota.
Setores demonstram-se preocupados com as tarifas de importação
Além disso, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), também demonstrou sua preocupação com a proposta.
O presidente da instituição, Luiz Carlos Moraes, se diz ser a favor da abertura comercial. Entretanto, segundo ele, o ritmo indicado pelo governo é apressado.
“Precisamos da abertura e a defendemos, mas de forma gradual. A redução unilateral, apressada e sem essa redução do custo Brasil, pode ser danosa para o país”, afirmou Moraes.
Dessa forma, o executivo defende um período maior para as reduções do imposto. Por mais que não cite um prazo ideal, menciona o acordo entre Mercosul e União Europeia (que antevê sete anos de carência para as reduções) como exemplo.
Segundo ele, o principal problema enxergado é o do sistema tributário, além de entraves na infraestrutura do País e a capacitação da mão de obra.
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“Dentro da fábrica tudo funciona, fora nada funciona. Então, paralelamente ao choque da abertura, [é necessário] o choque da redução do custo Brasil”, explicou.
Moraes afirma que a entidade vai continuar expondo ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e sua equipe a visão da indústria sobre o caso.
Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), disse que a expectativa por cortes em tarifas de importação pode afastar novos investimentos e diminui o poder de negociação do Brasil em acordos de comércio.
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“Os investimentos estão acontecendo, embora em ritmo moderado. Mas notícias dessa natureza preocupam o empreendedor”, afirmou.
Pimentel ressalta que um corte de 50% nas tarifas de importação é preocupante e tem de ser conversado com as companhias do País. “O diálogo é importantíssimo e define o destino de todo um setor”, disse.