Presidente dos Correios diz que se privatizar, estatal não sobreviverá
De acordo com o presidente dos Correios, Juarez Aparecido de Paula Cunha, caso a empresa seja privatizada, os Correios não sobreviverão. Esta afirmação vem de encontro a autorização do presidente Jair Bolsonaro de estudos de privatização da estatal.
Conforme foi anunciado na última quinta-feira (25) a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) estaria sendo preparada para a privatização. “Dei sinal verde para estudar a privatização dos Correios. Tem que rememorar para o povo o fundo de pensão, que a empresa foi foco de corrupção com o mensalão“, disse o presidente em encontro com os jornalistas.
Em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, Cunha afirmou que foi noticiado através das mídias tradicionais, ou seja, até o momento não houve conversa entre os presidentes. Além disso, para ele a venda da empresa pública federal poderá resultar no mesmo incidente de quando a Argentina privatizou o serviço postal.
“A Argentina privatizou e teve que retomar porque não deu certo. O Brasil é um país muito maior. Tenho quase certeza que esta decisão pode causar problema,” afirma Cunha.
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Entenda o caso
Segundo o governo, o modelo de negócios dos Correios estaria ultrapassado. Entretanto, a empresa continua tendo um alto valor estratégico, necessitando apenas ser renovada para enfrentar os novos desafios. Em particular o crescimento das vendas on-line.
A estatal tem mais de 100 mil funcionários e acumula prejuízos nos últimos anos. Sua atividade é em todos o municípios do País, entretanto destes, apenas 341 dão lucro. Mas ainda assim, Cunha acredita que essas agências não poderão ser fechadas. “Não vai ter empresa que vai querer arcar,” afirma o presidente.
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou em uma entrevista ao canal Globo News, que os Correios já estavam na lista das empresas a ser privatizadas.
No entanto, de acordo com o cálculo da administração da ECT, se a privatização ocorrer apenas na parte lucrativa, o Governo precisará dedicar verba ao Correios. O valor é correspondente a R$8 milhões por ano. Para o presidente da ECT, ” seria uma empresa sem condição de sobrevivência.”
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Durante a campanha eleitoral o então candidato Bolsonaro chegou a ventilar a hipótese de vender os Correios. Entretanto, logo depois de assumir a Presidência o mandatário voltou atrás, mas agora parece que se convenceu da necessidade dessa venda.
IPO dos Correios
Para Cunha a única discussão que tem sido feita no Correios é em relação ao uma oferta pública inicial de ações da companhia por inteiro, mas isso com uma previsão de quatro a cinco anos.
“Temos um caminho longo a percorrer em termos de normas. Seria uma operação mais semelhante à do Banco do Brasil, portanto, não significaria uma privatização,” afirmou Cunha.
Além disso, outra preocupação que envolve o presidente dos Correios, é em relação ao saldo negativo do fundo sob a interferência da Superintendência Nacional de Previdência Complementar. O saldo se encontra no valor total de R$ 12 bilhões.