Os beneficiários nascidos em setembro que têm direito ao auxílio emergencial – conhecido por coronavoucher – receberão hoje (15) a parcela do auxílio na poupança social digital. Ao todo, o governo disponibilizou R$ 1,4 bilhão para atender a 3,6 milhões de beneficiários.
Os valores caem na conta da poupança social digital neste domingo e poderão ser movimentados pelos aplicativos cadastrados para pagamento de boletos, compras na internet e no comércio físico. As transferências e saques do coronavoucher estão liberados pela Caixa Econômica Federal a partir do dia 28 de novembro.
O auxílio emergencial foi criado pelo governo federal em abril para atender à camada mais pobre da população em meio à paralisação da economia para combater a covid-19. Inicialmente, o benefício sugerido pelo Executivo era de R$ 200 por mês, mas o valor final ficou em R$ 600 após disputas com o Congresso.
Em setembro, o benefício do coronavoucher foi estendido até dezembro com o valor reduzido de R$ 300 e de R$ 600 para mães de famílias monoparental.
FGV: coronavoucher reduziu a pobreza em 23%
O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgou, no início do mês passado, um estudo apontando que o coronavoucher cooperou para queda temporária da pobreza no Brasil. Os dados mostraram que, até o oitavo mês de 2020, 15 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza, representando um decréscimo de 23,7% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Após a divulgação da pesquisa “Covid, Classes Econômicas e o Caminho do Meio: Crônica da Crise até Agosto de 2020″, o coordenador do estudo, Marcelo Neri, destacou que o País ainda contabiliza 50 milhões de pobres, ou seja, o nível mais baixo de toda a série estatística.
“Em toda a série estatística a pobreza nunca esteve num nível tão baixo, são 50 milhões de brasileiros. A queda foi realmente inédita, de acordo com as séries estatísticas”, apontou. O estudo considerou como pobreza uma renda domiciliar per capta de até meio salário mínimo, equivalente a R$ 522,50.
Neri reforçou que a diminuição da pobreza é temporária, e pode ser revertida com o fim do coronavoucher. “O boom social ocorrido em plena pandemia é surpreendente, mas enseja uma preocupação, porque a sua principal causa, que é o auxílio emergencial, generoso, que foi concedido, ele cai à metade agora em outubro, e depois é totalmente extinto em 31 dezembro. Então, a nossa estimativa é que esses 15 milhões que saíram da pobreza vão voltar à velha pobreza de maneira relativamente rápida”, disse.