Uma pesquisa realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), divulgada nesta quarta-feira (28) revelou que 1320 candidatos a prefeito e vereador nas eleições deste ano, com patrimônio superior a R$ 1 milhão receberam o auxílio emergencial, apelidado de coronavoucher.
Além disso, cerca de 11 mil candidatos, todos com patrimônio superior a R$ 300 mil, foram beneficiados com alguma parcela do coronavoucher, dedicado a fornecer apoio à população de baixa renda, devido à crise causada pelo coronavírus (Covid-19) .
Ao passo que a pesquisa só foi possível porque os candidatos precisam declarar seus bens para a Justiça Eleitoral. No início da pandemia, o patrimônio não era um dos critérios para o auxílio-emergencial, entretanto já foram feitas modificações para alterar o sistema dos benefícios.
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Ao apresentar os números, o ministro do TCU, Bruno Dantas, disse que situações com essa causam “asco” e pediu
providências ao governo. O plenário do TCU aprovou uma determinação para que o Ministério da Cidadania
reveja o benefício.
Coronavoucher reduziu a pobreza em 23%, segundo FGV
O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgou um estudo em outubro apontando que o auxílio emergencial cooperou para queda temporária da pobreza no País. Os dados mostraram que, até o oitavo mês desse ano, 15 milhões de brasileiros saíram da linha da pobreza, representando um decréscimo de 23,7% em comparação com o ano passado.
Após a divulgação da pesquisa “Covid, Classes Econômicas e o Caminho do Meio: Crônica da Crise até Agosto de 2020″, o coordenador do estudo, Marcelo Neri, destacou que o Brasil ainda contabiliza 50 milhões de pobres, ou seja, o nível mais baixo de toda a série estatística.
“Em toda a série estatística a pobreza nunca esteve num nível tão baixo, são 50 milhões de brasileiros. A queda foi realmente inédita, de acordo com as séries estatísticas”, apontou.
O estudo considerou como pobreza uma renda domiciliar per capta de até meio salário mínimo, o que equivale a R$ 522.50.
Separando as regiões brasileiras, a pesquisa mostrou que a pobreza caiu cerca de 30,4% no Nordeste e 27,5% no Norte. A região Sul, por sua vez, teve redução de 13,9%, ao passo que no Sudeste a queda foi de 14,2% e no Centro-oeste de 21,7%.
Em contrapartida, o coordenador afirmou que “houve uma queda de renda de 20%. O índice de Gini teve um aumento muito forte, que é o índice de desigualdade. A renda do trabalho da metade mais pobre caiu 28%. Então guarda um certo paradoxo na pesquisa. As rendas de todas as fontes tiveram um aumento espetacular, principalmente na base da distribuição, enquanto a renda do trabalho, que deveria ser a principal renda das pessoas, teve uma queda igualmente espetacular, especialmente também na base da distribuição. O que explica esse paradoxo é a atuação do coronavoucher, que atingiu no seu pico com 67 milhões de brasileiros”.