O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, declarou nesta segunda-feira (9) que a aprovação de uma vacina contra novo coronavírus (Covid-19) “mudará o jogo”, citando a reação positiva do mercado após a divulgação da vacina da Pfizer, que tem mais de 90% de sucesso na prevenção ao vírus.
Durante o evento Greenwich Economic Forum 2020, promovido pela “The Economist”, o presidente do BC afirmou: “Vimos o que aconteceu com os mercados com a especulação sobre uma vacina”, disse. “O mercado começa a se preocupar se esse vírus (coronavírus) vai se transformar em outra coisa. Houve notícias em alguns países que eles estavam encontrando diferentes mutações dos vírus. Vamos esperar e ver, mas a vacina com certeza vai mudar o jogo.”
Segundo Campos, a recuperação do emprego no mundo, com o término da pandemia, ocorrerá de maneira lenta. “O consumo vai voltar rápido, o Produto Interno Bruto (PIB) vai voltar rápido em alguns casos, mas o desemprego não”, disse.
Diante da pandemia, “quase todos os países” discutem sobre os programas de renda básica ou de um imposto de renda negativo, exemplificou Campos, informando também que o BC não pensa sobre o uso da linha de swaps em dólares estabelecida pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
Medidas adotadas diante do coronavírus
De acordo com o presidente do Banco Central, as medidas adotadas pelo governo do Brasil em meio à crise gerada pelo coronavírus, geram “uma recuperação robusta” da atividade.
Campos citou algumas das medidas implantadas ao longo do ano, dentre elas:
- A liberação de liquidez (na casa de 17% do PIB) e capital (20% do PIB);
- A queda da Selic para 2% ao ano;
- Transferências de renda promovidas pelo governo federal;
- Linhas especiais de crédito
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“A nossa injeção de liquidez e capital foi a maior dos emergentes”, completou. Entretanto, nas linhas de crédito que contaram com a participação do Banco Central, os recursos eram originários do Tesouro Nacional. “Nós (BC) não cruzamos a linha de fazer política fiscal, isso é muito importante”, disse.
Além disso, ainda há “muito dinheiro” disponível nas linhas criadas durante a crise do coronavírus, apesar de que “boa parte dos setores” tenha sido atendida. Enquanto “Nosso plano ainda é sobre reformas, diminuir o tamanho do Estado”, concluiu.