O temor que o Coronavírus se torne uma epidemia e impacte ainda mais o deslocamento de pessoas atingiu as ações de empresas de transporte aéreo e turismo listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
Ao todo, apenas nesta semana, Azul (AZUL4) e CVC (CVB3) perderam juntas R$ 169 milhões em valor de mercado graças ao receio em relação ao impacto do Coronavírus, de acordo com dados da consultoria Economatica. A Gol (GOLL4)foi a única que conseguiu se salvar.
“A doença está em seu início e corre o risco de virar uma epidemia. Assim, empresas aéreas começaram a não voar para a China e as pessoas ficam temerosas em se locomover até informações mais profundas sobre a doença”, afirma Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
Nesta quinta-feira (30), em um pregão com muita volatilidade e que só se recuperou no final, os papéis da Azul fecharam em queda de 0,27, cotados a R$ 59,71, enquanto as ações da CVC (CVCB3) terminaram o pregão em baixa de 2,11%, a R$ 36,23.
“Hoje mesmo a Itália não autorizou a entrada de um grande navio de turismo por conta de uma pessoa com sintomas da doença a bordo. Quanto mais a doença se alastrar mais este movimento cresce, não tem como não ser”, concluiu ele.
As ações da Gol acabaram fechando em leve alta de 0,29%, a R$ 35,04, mas chegaram a casa dos R$ 33 durante o pregão.
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Além disso, o temor também faz com que investidores corram ao dólar, que sobe em relação ao real, e faz com que os custos de empresas aéreas subam de forma considerável e pode impactar até mesmo o ímpeto do brasileiro em viajar.
“Outro ponto é que o dólar acaba apreciando sobre todas as moedas e, dessa forma, pega no bolso do turista”, afirma o analista.
Coronavírus leva temor a diversas empresas
Para além do impacto nas companhias ligadas a viagens, o Coronavírus também já afeta empresas que atuam na China.
A Vale (VALE3) informou que já restringiu viagens de empregados ao país por tempo indeterminado. Além disso, a mineradora também prevê que possa ser impactada com uma baixa nas vendas.
A fabricante de materiais elétricos WEG também informou que suas unidades no país asiático não estão operando após pedido de autoridades chinesas, assim como a Marcopolo, que produz carroceria de ônibus.
O primeiro alerta sobre o Coronavírus ocorreu no último dia de 2019, após autoridades chinesas reportarem à Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre muitos casos de pneumonia com origem desconhecida na cidade de Wuhan.
Com o aumento desenfreado de casos, a OMS corrigiu a avaliação de risco do Coronavírus de moderado para alto na última segunda-feira (27). Já nesta quinta-feira (30), a entidade declarou emergência global por conta do vírus.