Coronavírus: segunda onda pode tombar PIB brasileiro em 9%, diz OCDE
Caso uma segunda onda de infecções do novo coronavírus (Covid-19) atinja a América Latina, a economia da região será impactada em mais um ponto percentual, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). De acordo com o relatório divulgado nesta quarta-feira (10), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pode cair até 9,1%.
Além disso, o PIB da Argentina, nesta perspectiva, cairia 10%. Já o do México, em função dos impactos do coronavírus, tombaria 8,6%. “A pandemia da Covid-19 provocou a recessão econômica mais grave em quase um século e está a originar enormes prejuízos para a saúde, o emprego e o bem-estar das pessoas”, salienta o relatório.
Em seu documento, a OCDE elogiou as medidas estabelecidas pelos três maiores países latino-americanos no apoio às populações mais sensíveis à queda da atividade econômica e empresas mais impactadas pela crise. O coronavoucher, auxílio emergencial criado pelo governo brasileiro, teve seu custo total elevado para mais de R$ 152,6 bilhões e foi prorrogado por mais dois meses.
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Segundo a organização internacional, a resposta do governo brasileiro foi “oportuna e precisa”, mas pontua que a doença continua em crescimento no país. A OCDE salientou que é necessário que o País retome o caminho das reformas estruturais após a pandemia, como a tributária.
“O Brasil tem tudo o que precisa para crescer de maneira muito mais forte e melhor, e algumas poucas reformas cruciais poderiam fazer enorme diferença”, afirmou Jens Arnold, economista sênior da OCDE para assuntos relacionados a Brasil e Argentina. Sem uma segunda onda, o PIB brasileiro cairia 7,4%.
A OCDE lembrou que a Argentina teve uma política sanitária bem-sucedida que permitiu que o país contesse o avanço do coronavírus. Até a manhã desta quarta-feira, o país já havia confirmado 24.748 casos da doença, com 717 mortes. Enquanto a Argentina possui 16 mortes por milhão de habitantes, o Brasil apresenta 183 mortes nessa mesma métrica.
Entretanto, os problemas estruturais argentinos, sobretudo quanto à dívida externa de US$ 65 bilhões, tornam o país mais sensível a uma recessão agressiva, segundo pontuou a OCDE. Caso uma segunda onda não impacte o país, o recuo do PIB será de 8,25%.
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De acordo com a organização, o México, por sua vez, poderá ter uma queda de 7,5% no PIB caso não haja uma segunda onda de infecções. A segunda maior econômica da região poderia ser beneficiada por políticas de apoio aos trabalhadores formais e informais e de incentivo ao investimento privado, diz a OCDE.
No início de março, antes do coronavírus se tornar uma pandemia, a OCDE previa um crescimento de 2,4% na economia global em 2020. Agora, já em meio à crise, a previsão de um recuo de, no mínimo, 6%. A estimativa para 2021 é de um avanço de 5,2%.