Coronavírus: fluxo global de investimento pode recuar 15%, aponta Unctad

Segundo os cálculos da Agência da Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), o fluxo global de Investimento Estrangeiro Direto (IED) poderá sofrer queda de 5% a 15%. As estimativas são em razão das preocupações com a epidemia do novo coronavírus (COVID-19).

Setores que necessitam de componentes oriundos dos exterior sentiram mais o impacto. As projeções da Unctad apontam que a crise do coronavírus afetará fortemente indústrias e a economia dependentes da cadeias globais de produção. O impacto deve se fazer sentir a partir do adiamento de investimento, resultado da desaceleração da produção e da queda da demanda global.

De acordo com as previsões, na América Latina as maiores empresas deverão registrar uma baixa de 6% nos lucros de 2020.

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Para a Unctad, o coronavírus deverá acelerar as tendências já observadas de “decoupling” e de “reshoring”. Respectivamente, a desarticulação das cadeias globais de produção e a realocação das empresas para perto do país de origem.

Até o início deste ano, a Agência da ONU projetava um fluxo de IED de US$ 1,4 trilhão, aproximadamente o mesmo volume observado no ano anterior. Agora, na mesma linha de outras organizações internacionais, prevê-se um recuo do crescimento da economia global.

Os efeitos da redução do volume de IED serão sentidos em países mais afetados pela epidemia de coronavírus. No entanto, o impacto nas redes globais de investimentos terão escala global.

A Unctad projeta que a epidemia de coronavírus afetará negócios transnacionais. Da mesma maneira, as multinacionais e suas filiais estrangeiras vão operar com menor capacidade de produção.

Segundo os cálculos da Agência, mais de dois terços da 100 principais multinacionais já revisaram suas projeções de lucro para baixo neste ano. As preocupações com o coronavírus afetarão especialmente a indústria automotiva (-44%), as companhias aéreas (-42%) e a indústria de energia e materiais básicos (-13%).

As multinacionais com sede em países emergentes deverão sofrer um maior em 2020, com previsão de contração de 16%. Por outro lado, as baseadas em países desenvolvidos tem estimativa de queda de 6%.

A Ásia, onde há maior concentração de casos de coronavírus, deverá sofrer maior impacto. Um grupo constituído de 259 empresas chinesas já revisou o lucro anual em média em 26%. Na Cingapura, empresas projetam uma baixa de 30%. No caso de outros países como Coreia do Sul, Malásia, Tailândia e Vietnã as previsões são de queda de 10% a 20% no lucro.

Arthur Guimarães

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