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Coronavírus e as perguntas sobre o vírus feitas a dois especialistas

Coronavírus

A queda histórica do mercado financeiro mundial causada pelos temores com o coronavírus (covid-19) deu o tom da preocupação (ou seria pânico) da população para com essa nova mutação de um vírus.

Mas, para além do alarmismo, o SUNO Notícias conversou com dois especialistas sobre os impactos do novo risco mundial e suas implicações à economia.

O especialista Atila Iamarino, doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo (USP), especializado em vírus, e o médico Jean Gorinchteyn, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, falam sobre o assunto. Confira:

-Qual o real impacto que o Coronavírus pode trazer à sociedade?
Atila Iamarino: o impacto mais fácil de projetar e, pôr mais fácil confiável, é maior que o da gripe maior. Ele mata vinte vezes mais que a gripe e interna vinte vezes mais pessoas que a gripe, então podemos prever que tenha muita gente internada e muitos idosos.

-Há alguma similaridade com a gripe comum?
Jean Gorinchteyn: a forma de transmissão é a mesma, com mesma infectividade, ou seja, capacidade de transmissão pessoa a pessoa, porém diferem na letalidade. O coronavírus tem cerca de 2 a 3% , enquanto que os vírus da gripe 23%.

Caso venhamos a ter circulação do vírus no nosso meio, de 80%a 82% dos casos são leves, com dor de garganta, febre baixa e tosse seca; em 18 a 20% pode ter sintomas sistêmicos como dor no corpo e falta de ar frente a diminuição da oxigenação nos pulmões. Por isso, manter ambientes arejados e ventilados, utilizar o álcool gel e lavar as mãos com água e sabão com frequência é essencial.

-A taxa de mortalidade está em torno de 2%. Isso é motivo para tanto alarde ou medidas tão drásticas, de isolamento de cidades a quarentena de cidadãos?
Atila Iamarino: são duas coisas. A mortalidade, que 2% parece baixo, mas o número pode chegar a milhões de infectados com a gripe, ele se torna muito impactante. E outra é a taxa de internados, 20% dos que pegam o vírus, eles precisam de hospitalização, sendo 5% para UTI e nenhum país tem como lidar com tanta gente.

-O avanço do coronavírus, em relação ao número de pessoas infectadas, pode ter influência no dia a dia e, assim, na economia?
Atila Iamarino: a produtividade pode ser abatida. A China não tomou a medida só por conta da mortalidade, mas sim porque essas pessoas não podem trabalhar. Eles correram contra o tempo para conter as pessoas e fazê-las voltar ao trabalho. Proporcionalmente, no longo prazo, a China pode ter poucos casos pois tomaram medidas necessárias rapidamente.

Jean Gorinchteyn: o covid-19, por ter facilidade de contato pessoa a pessoa, pode ser adquirido no transporte público e ambientes aglomerados.

-E qual país pode ser mais prejudicado?
Atila Iamarino: os EUA, eles já têm casos confirmados, e lá o ponto de entrada já é diverso, da Alemanha, da China, da Itália, sendo muito difícil conter a entrada e o exame ser muito caro, então o teste é gratuito, mas você paga pela consulta médica, então muita gente se negará a testar.

Já o Brasil tem um sistema de saúde físico acessível, um plano de contenção razoavelmente claro e poucos pontos de entrada. E ambientes quentes também pode atrasar a chegada por aqui e então podemos nos preparar.

-Como a interrupção do fluxo de pessoas pode ajudar no combate?
Atila Iamarino: ainda não temos vacina ou remédio. Então, além da higiene pessoal, a única medida comprovada de combate é manter as pessoas afastadas e evitar aglomerações e grupos de pessoas. A China é, até agora, o único lugar que impediu o número de pessoas afetadas. Foi muito cruel, mas eles devem ter poucos casos e tentaram conter ao máximo a circulação.

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