Uma das vítimas mais ilustres do coronavírus (covid-19) foi o papel higiênico. O produto se tornou símbolo da pandemia após desaparecer das prateleiras dos supermercados de meio mundo.
As lojas dos Estados Unidos, Reino Unido e norte da Europa estão enfrentando uma escassez de papel higiênico. Mais um problema gerado pela difusão do coronavírus. E tudo isso mesmo se o produto é, de fato, quase um item de luxo para a maioria das pessoas.
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Apenas 25% da população mundial utiliza regularmente papel higiênico. O resto da humanidade, que não tem recursos para adquiri-lo, utiliza métodos mais espartanos. Mas esse quarto da humanidade consome 57 “quadradinhos” por dia por cabeça, ou seja, uma média de 100 rolos de papel higiênico por pessoa por ano. Ou 384 árvores cortadas por pessoa durante toda a vida. Uma floresta transformada em papel higiênico.
Um consumo tão intenso já em tempos normais que, segundo a emissora norte-americana ABC, obrigou os três maiores produtores de papel higiênico do mundo (Georgia Pacific, Kimberly Clark, Procter & Gamble) a trabalhar a todo vapor, com plantas em funcionamento por 24 horas por dia durante toda a semana. Essa é a única maneira de obter uma margem de lucro sobre um produto tão barato e, ao mesmo tempo, tão trabalhoso para se produzido. E também para evitar escassez nas prateleiras.
Além disso, o papel higiênico ocupa muito espaço, e os armazéns de fábricas, lojas e supermercados têm uma capacidade limitada. É difícil aumentar subitamente a produção e saber onde armazená-la.
Coronavírus gera corrida ao papel higiênico
Entretanto, por causa do aumento na demanda registrado nos dias anteriores ao lockdown provocado pelo coronavírus, que fechou dois terços da população mundial em suas casas, a produção não conseguiu responder à altura.
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Quando as autoridades começaram a anunciar as medidas de confinamento, muitas pessoas começaram a fazer estoque de papel higiênico. Mesmo se, é comprovado pela ciência, o coronavírus não gere nenhum problema intestinal.
Segundo a consultoria americana NCSolutions, entre os dias 24 de fevereiro e 10 de março, ou seja, muito antes que a maioria dos estados dos EUA decretasse quarentenas, as vendas de papel higiênico aumentaram 51%. Entre os dias 11 e 12 de março, imediatamente após o anúncio dos primeiros bloqueios, cresceram 845%.
Grande parte da escassez também se deve ao fechamento das fronteiras, implementado gradualmente por muitos países. Por isso, dois dos maiores exportadores de celulose, a empresa sueca Sodra e os produtores finlandeses Metsa, viram seus caminhões cheios de celulose bloqueados em uma fronteira após a outra. As exportações do produto colapsaram rapidamente.
O mesmo aconteceu no Brasil, onde uma das maiores produtoras de celulose do mundo, a Klabin (KLBN3), anunciou que não conseguiu atender plenamente à demanda dos Estados Unidos e da Argentina. Por causa dessa situação a produção se desorganizou e o produto se tornou um bem de luxo.
Ironia durante a pandemia
Mas essa escassez de papel higiênico se tornou alvo de ironia. Mesmo durante a pandemia mais grave dos últimos 100 anos.
Por exemplo, as confeitarias da Europa Central, que nessa época do ano produzem os tradicionais coelhinhos de chocolate da Páscoa, os estão realizando com máscaras de proteção e rolos de papel higiênico entre as patas. Além disso, padarias de meio mundo, da Normandia ao Texas, já assam bolos em forma de papel higiênico.
E a internet se encheu de memes e vídeos engraçados. E até de notícias semitrágicas. Na semana passada uma família da Califórnia foi presa após uma violenta briga entre o filho e a mãe, acusada de esconder o papel higiênico. “Ele está usando muito”, tentou se desculpar a senhora, quando foi algemada. Risadas amargas no meio do caos gerado pelo coronavírus.
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