O ministro da Saúde Nelson Teich pediu exoneração na manhã desta sexta-feira (15). Uma nota foi divulgada pela pasta, e está prevista uma coletiva de imprensa para a tarde de hoje. Teich estava no cargo há menos de um mês, e substituiu Luz Henrique Mandetta, demitido após divergências na condução da crise do coronavírus.
Um dos motivos para a saída de Teich seria a divergência no uso da cloroquina como tratamento para o coronavírus, segundo informações da GloboNews. A postura do agora ex-ministro era diferente daquela do presidente Jair Bolsonaro, segundo relato também de repórteres de outros veículos de imprensa que atuam em Brasília.
Publicamente, Bolsonaro vinha retomando a pressão pelo uso de cloroquina nos últimos dias. O presidente defende o uso do medicamento desde os estágios iniciais da doença. A recomendação do Ministério da Saúde, no entanto, é que seja usada em casos graves, por não haver comprovação da eficácia do remédio contra o coronavírus.
Nelson Teich, no entanto, vinha adotando postura de cautela. O agora ex-ministro publicou em seu Twitter mensagem sobre o medicamento em que chamava a atenção para os efeitos colaterais. Ele indicava também que outros remédios estavam testados e reafirmava o protocolo instituído por Mandetta.
Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina.
— Nelson Teich (@TeichNelson) May 12, 2020
Teich e Bolsonaro
O oncologista Nelson Teich havia sido escolhido no último dia 16 de abril para chefiar o Ministério da Saúde para atender o desejo de Bolsonaro por um ministro mais alinhado com as suas diretrizes.
Seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, foi demitido após uma série de enfrentamentos públicos com o presidente. Enquanto Mandetta estimulava o isolamento social, o presidente fazia pressão publicamente pelo retorno da população às suas atividades. O ortopedista também resistia a ampliar o uso da cloroquina, dados os riscos e a falta de evidência da sua eficácia.
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Teich, porém, também vinha sofrendo desgastes públicos por defender um isolamento social menor. Um episódio marcante desse descompasso aconteceu na última segunda-feira (11).
Na ocasião, o presidente anunciou que iria incluir salões de beleza, barbearias e academias de ginástica na lista de serviços essenciais durante a pandemia do coronavírus. O então ministro da Saúde, contudo, foi informado da decisão por repórteres, durante coletiva de imprena. Teich demonstrou surpresa e admitiu que não sabia da decisão e que não teve chancela do Ministério da Saúde.