O diretor-presidente substituto da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Juliano Alcântara Noman, declarou nesta segunda-feira (19) que não será possível liberar recursos para o auxílio das companhias aéreas brasileiras, que foram afetadas pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Noman citou ainda como exemplo o auxílio dado pelo governo dos EUA, ressaltando que no Brasil, não seria possível fazer o mesmo em meio à pandemia do coronavírus.
Durante sessão de sabatina em comissão que aprovou sua efetivação no cargo de presidente da agência, no Senado, Noman disse que “A gente, no Brasil, vive outra realidade, o que reforça mais ainda a urgência de fazer as atualizações regulatórias legais necessárias. Se a gente não tem tantos recursos assim para poder socorrer, então, o ambiente regulatório tem que ser o mais moderno e eficiente possível”.
O diretor reconheceu ainda que o setor aéreo foi fortemente prejudicado pelo coronavírus, com redução dos voos “praticamente a zero”. Deste modo, é preciso fazer uma “faxina” no Código Brasileiro de Aeronáutica para destravar processos e estimular a retomada do setor, argumentou.
Além disso, Rogério Benevides Carvalho, candidato a uma cadeira de diretor na Anac, informou que as três principais companhias aéreas brasileiras acumulam, no período da pandemia, prejuízos de R$ 2 bilhões a cada trimestre. “Esse passivo foi criado e será carregado”, revelou.
Coronavírus: crise do setor aéreo ameaça 46 milhões de empregos
O Grupo de Ação do Transporte Aéreo (Atag) divulgou em setembro um relatório informando que o colapso do setor aéreo causado pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o qual levou países a fecharem suas fronteiras e aplicarem medidas de isolamento social, pode acabar com 46 milhões de postos de trabalho ao redor do mundo, afetando mais da metade dos 87,7 milhões de empregos gerados pela indústria.
O setor aéreo, o qual inclui empresas aéreas, fabricantes de aeronaves, aeroportos e gerenciamento do tráfego, tinha 11 milhões de empregados antes da crise do coronavírus, ao passo que 4,8 milhões destes postos de trabalho devem desaparecer, estimou o relatório produzido pela Atag em conjunto com a Oxford Economics.
“A paralisação quase total do sistema por vários meses, assim como a natureza inconsistente da reabertura, aponta que as viagens aéreas não irão recuperar os níveis pré-covid até 2024”, relataram os dados.
De acordo com o diretor executivo da Atag, Michael Gill, a análise prevê que devem ser perdidos até 4,8 milhões de empregos na aviação até o início de 2021, resultando em uma redução de 43% em comparação com o período antes da crise.
” Quando expandimos os efeitos para todos os empregos apoiados pela aviação, 46 milhões de postos estão em risco. Esse número inclui funções altamente qualificadas na aviação, negócios no turismo impactados pela falta de viagens aéreas e empregos ao longo da cadeia de suprimentos em construção, serviços de alimentação entre outros”, concluiu.
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O relatório também apontou quantos empregos estão em risco por segmentos, sendo eles:
- Segmento de viagens aéreas: 26 milhões de postos de trabalho
- Companhias de bens e serviços para empresas e funcionários do setor aéreo: 15 milhões de postos de trabalho
- Empresas aéreas: 1,3 milhões de postos perdidos.
Ao passo que os empregos gerados pela aviação devem diminuir em 52%, o que revela uma perda de US$ 1,8 trilhão no PIB Global. A pesquisa prevê que os efeitos da pandemia do coronavírus serão sentidos pela indústria por muitos anos, sendo a pior crise já enfrentada pelo setor.
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