Coronavírus faz com que BCE ordene suspensão de dividendos
Com o objetivo de evitar uma crise de crédito em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o Banco Central Europeu (BCE) ordenou, na noite da última sexta-feira (27), que as instituições financeiras da zona do euro bloqueiem o pagamento de dividendos e a recompra de ações.
O BCE anunciou que os bancos “não devem pagar dividendos para os anos contábeis de 2019 e 2020 até pelo menos 1º de outubro de 2020″. De acordo com a autoridade monetária central europeia, a medida servirá para “aumentar a capacidade dos bancos de absorver perdas e sustentar empréstimos a famílias, pequenas empresas e corporações durante a pandemia do coronavírus”.
Andrea Enria, presidente do Conselho de Supervisão do BCE, afirmou que os bancos poupariam 30 bilhões de euros (R$ 129,61 bilhões) que seriam distribuídos por meio de dividendos.
“Como tudo ao nosso redor está sendo suspenso para concentrar todos os esforços de nossas comunidades no combate ao coronavírus, também é necessária uma contribuição dos bancos e de seus acionistas”, afirmou Enria. Os banco terão de “abster-se de recompra de ações destinadas a remunerar acionistas”.
Perspectiva da atividade econômica pós-coronavírus
Por mais que os bancos centrais de todo o mundo entendam que o sistema global está melhor alinhado do que na crise do subprime, de 2008, economistas estão preocupados com as consequências da iminente desaceleração econômica.
Caso a previsão de economistas se confirme, o BCE junto à agências reguladoras querem fazer com que os balanços das instituições financeiras mantenham-se livres para continuar realizando empréstimos a famílias e empresas, evitando uma depressão maior do que 2008.
Como medida para conter os impactos econômicas da pandemia, o BCE anunciou um afrouxamento dos requisitos de capital para o setor bancário. A autoridade monetária reduziu a exigência de fundos próprios estimada em 120 bilhões de euros (cerca de R$ 685,83 bilhões), o que poderia financiar 1,8 trilhão de euros em novos empréstimos.
No anúncio do primeiro pacote de auxílio econômico, há duas semanas, o BCE informou que os bancos deveriam usar a redução da exigência de fundos próprios “para apoiar a economia e não para aumentar a distribuição de dividendos ou a remuneração variável”.
Segundo o jornal “Financial Times”, a pressão sobre as contas de instituições financeiras aumentou nos últimos 20 dias, quando mais de 130 empresas na Europa e na América resgataram ao menos US$ 124,1 bilhões (R$ 632,96 trilhões) de seus bancos.
A decisão do BCE foi tomada após os presidentes de bancos centrais e os chefes de regulamentação da zona do euro afirmarem que adiariam por um ano os novos e mais duros requisitos de capital bancário. Isso permitirá que o setor bancário se concentre no combate ao coronavírus.