Copom vem sem grande surpresas e amanhã ‘imperará’ a decisão do Fed, dizem especialistas

Em linha com a projeção esperada no mercado, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano, e retirou o trecho relativo ao ajuste parcial.

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O Copom chamou atenção para a persistência da pressão inflacionária maior do que o previsto, sobretudo entre os bens industriais. A demora para a normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e a deterioração do cenário hídrico seriam fatores adicionais que contribuem para a alta da inflação.

“É uma forma indireta de falar em uma chance grande de continuidade de aumento da taxa de juros”, avaliou Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

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O órgão do Banco Central (BC) indicou ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro. O Copom já contratou um novo aumento de 0,75 ponto percentual, o qual levaria a taxa Selic a 5,00% ao ano, em continuidade do processo de normalização monetária.

No final do dia, uma decisão esperada pelo mercado, disse Daniel Miraglia, economista-chefe da Integral Group. Para amanhã, o especialista espera a precificação com maior intensidade sobre a posição do Federal Open Market Committee (Fomc), nos Estados Unidos.

A hora do Fomc

Não foi só o Copom que se pronunciou nesta quarta. Mais cedo, o Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros referencial dos Estados Unidos no intervalo entre 0% e 0,25%, uma decisão já aguardada pelo mercado.

O interessante foi a previsão da autoridade monetária central norte-americana de um aumento da taxa de juros até o fim de 2023, antes do previsto. “[Jerome] Powell afirmou claramente que está na hora de começar a ‘falar sobre falar’ de subir taxa de juros e reduzir os estímulos à economia”, declarou Daniel Miraglia. O mercado não espera por isso.

Ainda assim, o mercado brasileiro reagiu apenas parcialmente, porque estava à espera da decisão do Copom. E, como a divulgação veio em linha, fica ofuscada pelo Federal Reserve.

“Embora o tom do comunicado tenha subido, para taxa de câmbio, imperará a decisão de hoje do Fed,” a qual “deve continuar pesando sobre emergentes além da decisão mais conservadora do banco central brasileiro”, ponderou a economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte.

Impacto pequeno do Copom

Na análise de Fernando Siqueira, gestor da Infinity Asset, o impacto da decisão do Copom sobre o mercado deve ser pequeno, dado o resultado esperado e embutido no preço dos ativos.

O aumento da taxa de juros beneficia, em primeiro lugar, a renda fixa pós-fixada, como CDBs e LFTs, os quais passam a render mais, destacou o especialista. As ações de empresas do setor financeiro e de seguros também estão entre os favorecidos pela elevação da Selic.

Do outro lado, ações em geral e fundos imobiliários (FIIs) são penalizados pelo movimento, “dado que a concorrência com outros investimentos fica desfavorável”, explicou Siqueira.

A posição do Copom pesa ainda sobre a renda fixa pré-fixada, a qual deve sofrer junto, por conta da sinalização de um aumento mais forte na taxa de juros.

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Arthur Guimarães

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