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Copom: divisão do comitê sobre Selic e alta nas projeções de inflação preocupam o mercado; veja análises

Copom. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Copom. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em relatórios recentes após o Comitê de Política Monetária (Copom) confirmar o abandono da indicação dada na última reunião e reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual (pp.), analistas afirmam que a decisão foi de encontro às expectativas do mercado, mas que o placar dividido foi a grande surpresa do comunicado. O aumento na previsão de inflação para 2025 também chamou a atenção.

Após a decisão de reduzir a Selic em 25 pontos-base, que dividiu o colegiado em 5 contra 4, o Copom optou por não dar nenhuma indicação sobre os próximos passos, abandonando de vez o forward guidance que vinha sendo usado desde agosto do ano passado.

Apesar da divisão dos votos, o grupo fez questão de enfatizar que, unanimemente, avalia que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas demandam maior cautela.

Em relatório, o BTG Pactual afirma que a decisão do Copom foi de encontro às suas expectativas e da maioria dos analistas de mercado, mas que o foco extrapola a decisão em si.

“Estávamos particularmente atentos à probabilidade de dissidência dentro do comitê e à remoção de orientações futuras. Embora acreditássemos que a divergência era altamente provável, a divisão 5-4 foi surpreendente. Indica um comitê profundamente dividido, tornando plausível a continuação da divergência em reuniões futuras”, escreveram os analistas Claudio Ferraz, Bruno Martins e Bruno Balassiano.

O banco enxerga uma grande possibilidade de que o ciclo termine mais cedo, com base no pressuposto de que as expectativas de inflação poderão reagir mal à divisão do comitê.

“Por enquanto, decidimos ajustar nossa Selic terminal para 10% a/a, dos 9,75% anteriores para 2024 (com viés de alta), enquanto avaliamos a evolução das questões internas, especialmente as expectativas de inflação, e o cenário externo”, completa o BTG.

UBS-BB sobre Copom: aumento da previsão de inflação para 2025 foi surpresa do comunicado

Também em relatório, o UBS-BB afirma que já esperava uma decisão de 25 pontos-base, com votação dividida, dada a incerteza do ciclo de flexibilização nos EUA. No entanto, para a casa, a surpresa mais importante do comunicado foi o aumento na previsão de inflação do Banco Central para 2025.

As projeções de inflação do BC no cenário de referência subiram, de 3,4% para 3,8% em 2024 e de 3,2% para 3,3% em 2025.

“Esse é o principal determinante do orçamento de cortes e da taxa terminal. Com esta surpresa, existe um forte risco para a nossa trajetória ininterrupta projetada de cortes nas taxas até o final do ano”, escrevem os analistas Alexandre de Azara, Fábio Ramos, Rodrigo Martins e Roque Motero.

O banco ainda acredita em uma inflação menor, ainda que a previsão do modelo sugira que o comitê tende a fazer uma pausa nos 10% ou 10,25%. “Segundo os nossos pressupostos de inflação, isso não acontecerá”, aponta o UBS-BB.

Uma outra surpresa citada pelo banco se refere à alteração do foward guidance, reforçando que a “extensão e adequação das alterações futuras na taxa de juro serão determinadas pelo compromisso firme de atingir a meta de inflação no horizonte distante”.

“Se a percepção dos investidores de alguma influência política se tornar a predominante, as expectativas de inflação para 2025 poderão ser revistas em alta, devido à preocupações de que um BCB excessivamente pacífico possa ser instalado após dezembro”, avalia o UBS.

“Neste caso, a nossa projeção de inflação mais baixa para 2024 seria provavelmente dominada por essas preocupações e, caso se tornasse realidade, mesmo que estejamos certos quanto à inflação, poderá não ser suficiente para evitar previsões mais elevadas e, portanto, uma taxa terminal mais elevada este ano”, completa a casa.

Goldman Sachs sobre redução de juros: cenário exige cautela redobrada

Para o Goldman Sachs, o Copom acompanhou de perto a evolução fiscal recente e ressaltou a importância para a política monetária de uma política fiscal aceitável e comprometida com a sustentabilidade da dívida, pois contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros.

Ainda de acordo com o banco, a caracterização do balanço de riscos para a inflação se manteve equilibrada, mas é unânime entre os investidores que o cenário global incerto e um cenário doméstico marcado por uma atividade econômica resiliente e expectativas não ancoradas, exigem cautela redobrada por parte da política da gestão monetária.

“No geral, esperamos que o Copom reduza a taxa Selic em 25 pontos base na reunião de junho, com a totalidade dos dados e o equilíbrio geral dos riscos para a inflação ditando até onde o Copom pode ir com o ciclo de normalização das taxas. Nesta conjuntura, projetamos mais três reduções nas taxas de 25 pb em 2024, elevando a Selic para 9,75%”, destaca o analista Alberto Ramos em relatório.

Bank of America espera redução de 25 pontos-base na próxima reunião do Copom

Também em relatório, o Bank of America considerou que a menção às preocupações fiscais, ao agravamento das previsões de inflação para 2025 e ao tom de dependência dos dados para novos ajustamentos estão entre os elementos mais agressivos do comunicado do Copom, e que a ata pode dar mais clareza sobre o raciocínio por trás da reunião.

“Continuamos esperando um corte final de 25 pontos-base na próxima reunião, em junho, antes de interromper o ciclo de flexibilização este ano, com a taxa Selic em 10,25%. A flexibilização deverá ser retomada no próximo ano sob o novo conselho e nova postura do Fed. Esperamos que as taxas cheguem a 9,0% até o final de 2025”, acrescentam os analistas sobre a decisão do Copom.

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