Copom eleva Selic e indica novo aumento na próxima reunião; entenda por quê

O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu nesta quarta (4) elevar a taxa Selic de 11,75% para 12.75%. O aumento de 1 ponto percentual, no terceiro encontro do comitê do BC em 2022, era aguardado pelo mercado. A decisão do comitê foi unânime.

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O Copom disse em comunicado que “irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas de suas metas.” O mercado esperava pelo tom do comunicado e parte dos analistas estimavam que o documento indicaria um aumento de 1 p.p também na próxima reunião. O Copom diz que antevê como provável uma extensão do ciclo de altas, mas com um ajuste de menor magnitude na próxima reunião, em junho– ou seja, inferior a 1%.

Após de ter cumprido a promessa de elevar a Selic em 1 ponto porcentual em maio, o Banco Central teve de abrir mão de terminar o aperto monetário nesta reunião, confirmando as expectativas do mercado por uma sinalização nesse sentido.

“O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”, afirmou o colegiado, em comunicado nesta quarta-feira, 4.”O comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, explica o comunicado do BC.

Projeções de inflação

O BC espera conter a alta de preços com a decisão: “As projeções de inflação do Copom situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023.” Em comunicado, o Copom avaliou que o ambiente externo seguiu se deteriorando e que as pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de covid-19 na China e da guerra na Ucrânia.

Em comunicações oficiais do Copom de março, o BC havia indicado a intenção de finalizar a alta de juros em maio, embora tenha garantido que estaria pronto para ajustar o tamanho do ciclo caso os choques derivados da guerra na Ucrânia se mostrassem maiores ou mais persistentes.

Com a piora da inflação corrente e das expectativas, e de notícias desfavoráveis no exterior, o BC disse no comunicado de hoje que é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”.

Na pesquisa do Projeções Broadcast, das 51 casas participantes, apenas 12 projetam 12,75% como patamar do juro básico no fim do ciclo de alta. As outras 39 esperam continuidade do aperto monetário depois do encontro desta semana. Uma prevê a Selic em 13,00%, 26 esperam em 13,25% e outras 12 apostam em 13,50% ou mais.

Apesar da sinalização para a reunião de junho, o BC voltou a lembrar que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.

Selic: maior patamar em cinco anos

Com o aumento a 12,75%, a Selic alcançou o maior patamar desde fevereiro de 2017 (13%), para tentar debelar um processo inflacionário que não para de surpreender. O choque de juros neste ciclo, iniciado em março de 2021, já é o mais forte desde 1999, quando o BC elevou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só.

A elevação do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

Inflação e fatores de risco

O comunicado reforça o que levou o comitê ao aumento da Selic: “A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente, em itens voláteis e subjacentes. As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. Conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos.

E acrescenta: “O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se:

  • uma maior persistência das pressões inflacionárias globais;
  • incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país, parcialmente incorporada nas expectativas de inflação e nos preços de ativos.

Mas o Copom pondera: “Entre os riscos de baixa, ressaltam-se uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local; e uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos.”

Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, observa: ” O Banco Central veio com o aumento de 100 pontos-base que já era esperado. Para a próxima reunião, o comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude, o que também já era esperado, já que o mercado espera 0.50% de aumento na próxima reunião. Então, não vejo nada que surpreende o mercado no texto. Acredito que o comunicado foi positivo e não provoca grandes impactos nem sustos, pois o aumento já estava precificado.”

Oliveira complementa: “Na mensagem sobre a próxima reunião, o BC, apesar de confirmar o que já vinha sendo falado de uma alta menor na próxima reunião (50 bps), deixou a palavra ‘provável’, o que dá um benefício de dúvida de não fazer essa próxima alta. Por isso, considero levemente dovish. O comunicado também destaca o cenário de inflação forte no Brasil e diz que as projeções de inflação do Copom situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023, mas reforça que o próprio comitê está incerto se esses números irão se cumprir devido ao cenário de incerteza.”

Comunicado veio um pouco mais duro, diz Megale sobre decisão do Copom

O economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, considera que o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou em aberto a possibilidade de um ciclo de alta dos juros mais longo, com mais dois aumentos de meio ponto porcentual da Selic.

Após leitura do comunicado no qual o colegiado indica que provavelmente continuará subindo os juros, agora em 12,75%, Megale observa que, em nenhum momento do texto, o Copom deixa claro que pretende realizar na reunião de junho o último aumento da taxa.

“Diz que vai desacelerar o ritmo de elevação da Selic, caminhando para um ajuste mais fino. Mas em nenhum momento o comunicado mostra que o BC está pensando em parar. As condições sugerem que o ciclo continue”, comenta o economista-chefe da XP. “O comunicado é, na minha visão, um pouco mais duro do que o mercado esperava. É um comunicado que deixa a porta aberta para um ajuste um pouco mais intenso, e talvez um pouco mais longo do que vinha sendo sinalizado antes”, acrescenta Megale.

Ele reiterou a previsão da XP que aponta o fim do ciclo de aperto monetário com a Selic a 13,75% ao ano, colocando na conta mais dois aumentos de 0,5 ponto porcentual nas reuniões do Copom em junho e agosto.

Dado o cenário adverso, contudo, não se pode descartar, conforme o economista, a possibilidade de o BC mudar de ideia e repetir a dose desta quarta-feira, encerrando o ciclo com novo aumento de um ponto porcentual no mês que vem.

BC deixa porta entreaberta para um ritmo menor de altas, diz Andrea Damico

O Comitê de Política Monetária (Copom) reconheceu, em sua decisão de juros de hoje, que há riscos de desancoragem das expectativas de inflação e deixou a porta entreaberta para novas altas. Essa é visão da sócia e economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico. Para ela, “a porta não está aberta para todas as possibilidades” e o Banco Central se deu a liberdade de dar altas menores nas próximas reuniões.

“O BC deixou a porta entreaberta para ritmos menores. Tirou alternativa de 100 pontos e de parada. O que tem probabilidade é redução do ritmo. Vai ter alguma flexibilidade, dado que não anunciou previamente a próxima reunião. Está na mesa 75, 50 ou 25 pontos”, apontou.

Na Armor, o cenário é de que o Copom optará por duas altas de 50 pontos, levando a Selic a 13,75% até julho. “Mas o BC guarda graus de liberdade para, se houver melhora no quadro, subir menos”, disse.

A economista ainda avalia como positiva a retirada, do comunicado, do cenário alternativo para a política monetária, com petróleo mais comportado. “O cenário de referência acabou se aproximando muito daquele cenário alternativo que tinha desenhado lá atrás. Como concordou com nível atual de preço do barril do petróleo, acabou incorporando”, avaliou.

Ela destaca como importante o reconhecimento, pelo BC, de novos riscos além da guerra, como as disfunções nas cadeias produtivas causadas pelos lockdowns na China e a reprecificação da política monetária nos países avançados.

Décimo aumento seguido da Selic

É a décima vez consecutiva que o BC sobe a taxa de juros. Este ciclo de aperto monetário, que começou em março de 2021, quando a Selic estava na mínima histórica de 2%, acumula 10,75 pontos de ajuste.

A decisão desta quarta-feira era esperada pelo mercado financeiro, após o BC sinalizar no Copom de março vontade de repetir a dose de um ponto porcentual no encontro seguinte. Todas as 54 instituições financeiras consultadas pelo Projeções Broadcast previam alta da Selic de um ponto porcentual, para 12,75% ao ano.

A alta de juros ocorre no mesmo dia em que o Federal Reserve, o banco central americano, também decidiu elevar a taxa básica do país em 0,5 ponto porcentual, para uma faixa entre 0,75% a 1% ao ano. Foi o maior aumento de juros feitos nos EUA desde o ano 2000. Apesar de baixa em comparação com a Selic, a taxa americana tende a subir este ano, uma vez que o Fed ainda está no início do ciclo de aperto monetário.

Os EUA, assim como o Brasil, enfrentam uma inflação elevada e o BC americano busca frear a alta de preços elevando os juros. É uma forma de esfriar a demanda na economia, uma vez que a alta de juros torna o crédito mais caros. Com taxas mais elevadas, consumidores tendem a consumir menos e as empresas podem postergar investimentos.

BC: balanço de riscos permanece com fatores em ambas as direções

Ao elevar a Selic (a taxa básica de juros) em 1,00 ponto porcentual, de 11,75% para 12,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve avaliação de que seu balanço de riscos para a inflação continua com fatores em ambas as direções, mas pregou cautela na avaliação do cenário. “O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos”, destacou o BC.

O colegiado mudou o formato de apresentação do balanço, colocando os riscos altistas de inflação em primeiro lugar, quando normalmente o comunicado abria esse parágrafo pelos riscos de baixa na inflação. O Copom deixou de mencionar que considera uma assimetria altista no balanço de riscos.

Entre os riscos de uma inflação maior que a projetada, o Copom destacou pela primeira vez “uma maior persistência das pressões inflacionárias globais”. O colegiado também passou a incluir de maneira mais direta nos riscos altistas a “incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do País”, embora tenha repetido que essa incerteza já estaria parcialmente incorporada nas expectativas de inflação e nos preços de ativos.

Já na outra ponta do balanço de riscos, o BC voltou a citar possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local. E, também pela primeira vez, apontou o risco de uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada.

Maior juro real do mundo

Com o novo aumento da Selic, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 6,69% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera economias mais relevantes, aparece a Colômbia (3,86%), seguida de México (3,59%). A média dos 40 países avaliados é de -1,73%

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Veja a íntegra do comunicado

Em sua 246ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 12,75% a.a.

A atualização do cenário do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

O ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. A reprecificação da política monetária nos países avançados eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes;

Em relação à atividade econômica brasileira, o conjunto dos indicadores divulgado desde a última reunião do Copom indica um crescimento em linha com o que era esperado pelo Comitê;

A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente;

As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;

As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,9% e 4,1%, respectivamente; e

No cenário de referência, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de USD/BRL 4,95*,­ evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC). Optou-se por manter a premissa de que o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril e passando a aumentar 2% ao ano a partir de janeiro de 2023. Adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023. As projeções para a inflação de preços administrados são de 6,4% para 2022 e 5,7% para 2023. O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual.

O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e (ii) a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país, parcialmente incorporada nas expectativas de inflação e nos preços de ativos. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local; e (ii) uma desaceleração da atividade econômica mais acentuada do que a projetada. O Comitê avalia que a conjuntura particularmente incerta e volátil requer serenidade na avaliação dos riscos.

Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 12,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.

Na ata do encontro de março, o BC sinalizou que deveria voltar a aumentar, pela 11º vez seguida, a Selic. O aperto monetário tem como principal motivo a escalada da inflação. No último boletim Focus, em que o BC mede a expectativa do mercado financeiro, a projeção é de que a taxa básica encerre 2022 em 13,25% ao ano.

Entidades se manifestam após anúncio de aumento da Selic

Entidades e federações se manifestaram sobre a decisão do Copom de ajustar a taxa Selic em um ponto percentual.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou “equivocada” a decisão. Para a confederação, a taxa anterior já era suficiente para garantir uma trajetória de queda da inflação nos próximos meses, argumentando que a alta leva tempo para restringir a atividade e, consequentemente, segurar a alta dos preços.

“Este novo aumento da taxa de juros deve comprometer ainda mais a atividade econômica, que já dá claros sinais de fraqueza. Para a indústria, a intensificação do ritmo de aperto da política monetária piora as expectativas para o crescimento econômico em 2022, com efeitos adversos sobre a produção, o consumo e o emprego”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota divulgada pela entidade.

Ainda segundo avaliação da CNI, a expectativa de inflação cadente e a trajetória incerta de recuperação da atividade econômica demandam uma política monetária mais moderada e atenta aos desafios de crescimento do Brasil no curto prazo.

Já a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considera que, apesar de esperado, o décimo aumento consecutivo da Selic é “ineficiente e pouco efetivo no controle do nível de preços neste momento”.

De acordo com a entidade, a atividade econômica já tem sentido os efeitos do início do ciclo de alta da taxa de juros, contudo a inflação não tem dado sinais de abrandamento. “A desorganização das cadeias de produção, provocada pela pandemia de covid-19, e os impactos derivados da guerra na Ucrânia reforçam que a inflação advém de choques externos e temporários de oferta, e não de demanda. A nova alta de juros penaliza ainda mais o nível de atividade e reforça a perspectiva de desaceleração econômica em 2022”, avaliou a Firjan.

A federação disse ainda que “nesse contexto, vale ressaltar que os gargalos da cadeia de insumos mostraram a necessidade de diversificar fornecedores e fortalecer indústrias estratégicas, trazendo a urgência de políticas de longo prazo para a indústria. Além disso, as incertezas relacionadas ao arcabouço fiscal mantêm elevada a percepção de risco nas contas públicas, que continuam sendo fator de risco para a economia brasileira”.

Ainda em nota, a Firjan voltou a afirmar a necessidade de reformas que sinalizem equilíbrio nas contas públicas, e classificou a medida como “impreterível” para a retomada do crescimento sustentável.

Selic a 12,75%: como ficam os investimentos?”

Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador e CEO da escola Eu me banco, que capacita e forma profissionais para atuação na área de investimentos, argumenta: “Nesse cenário de juros altos, a poupança segue apanhando para a inflação. Quem está com dinheiro na caderneta está perdendo poder de compra. Enquanto isso, os juros estão caminhando para mais de 12%, o que faz da poupança um péssimo negócio.”

Louzada sugere: “Investimentos atrelados a juros pós-fixados vão muito bem em cenário de alta porque seguem o aumento de juros. E o rendimento já vai para 1% ao mês com a Selic a 12,75%. CDBs com 100% do CDI já conseguem ter esse rendimento. Fundo DI com taxa de administração baixa de cerca de 0,10 ou 0,20 também é boa alternativa. Se puder abrir mão de liquidez por um tempo, LCI também é boa alternativa porque tem isenção de imposto de renda. Além disso, o investidor pode buscar CDBs de bancos menores com mais rendimento porque de toda forma estará protegido pelo FGC.”

Ele lembra: “Já os prefixados não são recomendados no momento. Como os juros devem continuar subindo nas próximas reuniões, eu não recomendo comprar agora e sim esperar mais um pouco.”

Ricardo Jorge, sócio e analista de renda fixa da Quantzed, empresa de tecnologia e educação para investidores, ressalta: “Com taxas mais altas, os investimentos em eenda fixa se tornam ainda mais atrativos. Principalmente para o Tesouro Selic.”

Jorge adiciona: “Para quem tem ativo prefixado na carteira ou indexado à inflação, quanto maior a expectativa de alta das taxas de juros, mais esses ativos se desvalorizam, principalmente os prefixados. Isso acontece pela seguinte lógica. Se você tem um ativo que paga 12% ao ano e taxa de juros sobe e esse mesmo ativo com mesmas características passa a pagar 13% ao ano, é natural e faz sentido que o ativo que paga 12% valha menos que o ativo que paga 13%.”

Prossegue: “Por essa razão quem tem ativo prefixado que paga 12% perde valor porque há outro ativo no mercado que paga melhor. Essa desvalorização não acontece de forma imediata à alta da Selic. Acontece de forma antecipada à medida em que a expectativa do mercado sobre as altas vá acontecendo. Então, hoje quem tem ativo prefixado que paga 12% já tem produto negociado com certa desvalorização no mercado porque a expectativa hoje é de que o Banco Central suba mais os juros e novos títulos que serão emitidos vão pagar mais. Então, o ativo não se desvaloriza no dia da reunião do Copom, mas sim à medida em que expectativa do mercado para próximas altas começa a se concretizar. O nome disso é marcação de mercado.”

Recomenda: “O IPCA+ é um título misto com parcela prefixada, que é o cupom de juros, e parcela pós-fixada, que é a inflação. A desvalorização ou valorização desse título vai acontecer em função da expectativa das altas da Selic e impacto no IPCA. Esse impacto no IPCA é incerto. A gente só vai saber exatamente quanto aquele título vai render em relação à inflação depois que o número oficial for divulgado. Ter ativos pós-fixados como o Tesouro Selic é a melhor opção. Quanto mais as taxas subirem, mais o ativo irá pagar.”

Copom: estimativas de inflação

Em março, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, foi de 1,62%, maior taxa para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Em 12 meses, o acumulado chegou a 11,30%, quase o dobro do teto da meta do Banco Central, que é de encerrar o ano com inflação de 3,5%.

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As estimativas do mercado para a inflação vêm crescendo há pelo menos 16 semanas. No mês passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que o futuro das taxas de juros no Brasil dependerá da extensão dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia e de outros eventuais choques sobre a inflação. A expectativa de alta acompanha o aumento nos preços.

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A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) serve como parâmetro de quanto o governo paga para tomar dinheiro emprestado por meio da emissão de títulos públicos. A política monetária tem também efeito sobre o câmbio. Em tese, altas na taxa Selic tendem a atrair o investimento externo em títulos públicos brasileiros, cuja rentabilidade aumenta, o que acaba pressionando o dólar para baixo diante do real.

Com informações da Agência Estado e da Agência Brasil

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Marco Antônio Lopes

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