O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) divulgou nesta terça (14) a ata da reunião da semana passada, que elevou a taxa básica de juros do Brasil (Selic) para 9,25%. O documento repercutiu no mercado financeiro, que espera uma projeção altista para as próximas reuniões.
Para analistas do Itaú (ITUB4), a ata do Copom indica que a instituição pretende elevar a Selic para o patamar dos 12% ou além, mantendo a taxa básica em patamar contracionista por tempo prolongado.
“Isso claramente contraria as expectativas de que o Copom possa realizar cortes de juros já no final de 2022“, constatou o relatório do Itaú. “Por enquanto, esperamos que as autoridades encerrem o ciclo de alta em março, com a Selic em 11,75% a.a., mas os riscos vão na direção de juros mais elevados.”
O Goldman Sachs (GSGI34) compreende um ciclo de alta “por muito tempo” e diz estar projetando outro aumento de 150 pontos base na próxima reunião, no início de fevereiro de 2022, para 10,75%, e uma taxa Selic terminal entre 11,75% e 12% no final do primeiro trimestre de 2022, com cortes modestos provisoriamente previstos para o final do ano.
“Em nossa avaliação, a declaração pós-reunião e as atas são hawkish dada a determinação do Copom em adotar uma postura significativamente restritiva e perseverar até que o processo de desinflação se consolide e as expectativas de inflação se ancorem novamente às respectivas metas”, disse o banco americano.
Já o Bank of America (BofA) pondera que, apesar do tom hawkish da ata, o Banco Central deve desacelerar seu ritmo de alta na próxima reunião para 100 pontos base. O banco diz que a atividade deve continuar se deteriorando, o que deve aumentar a pressão para que o Copom reduza o ciclo altista.
“Mantemos nosso cenário base com o BC subindo 100pb em fevereiro e 50pb em março, levando a Selic terminal para 10,75%. Isso deve manter a Selic estagnada até o final do ano e começar a diminuir as taxas até 2023“, disse o BofA.
O Copom sinalizou que, para a próxima reunião, foi mantida a perspectiva de outro ajuste da mesma magnitude, com ajustes para assegurar a convergência da inflação para as metas. A decisão irá depender da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.
Com o comunicado, o Copom afirmou que o risco de desancoragem da inflação implica em aperto da política monetária mais do que no cenário base e que continuará a subir as taxas até que a inflação diminua e as expectativas de inflação voltem a ancorar.
Calendário do Copom em 2022
Para a próxima reunião do Copom, em 1º e 2 de fevereiro de 2022, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude, de 1,5 ponto percentual, diz ata. O calendário dos encontros no próximo ano é o seguinte:
- 1º e 2 de fevereiro
- 15 e 16 de março
- 3 e 4 de maio
- 14 e 15 de junho
- 2 e 3 de agosto
- 20 e 21 de setembro
- 25 e 26 de outubro
- 6 e 7 de dezembro
As atas do Copom são publicadas uma semana após as reuniões do comitê que decidem a taxa básica de juros.