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Na ata da última reunião, Copom reforça que incerteza global e aumento das projeções de inflação demandam cautela

Copom: por que houve alterações no corte da Selic?

Copom

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central afirmou nesta terça-feira, 25, que a manutenção da taxa Selic em 10,5% é compatível com a sua estratégia para fazer a inflação convergir a um nível “ao redor” da meta no horizonte relevante, que inclui o ano de 2025. A informação consta na ata do último encontro, divulgada na manhã desta terça.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária“, afirma o comitê.

Na mais recente reunião, da semana passada, o Copom decidiu interromper o ciclo de cortes da Selic, mantendo a taxa básica de juros em 10,5%. Hoje, na ata, o colegiado reforçou que a combinação entre cenário global incerto, resiliência da atividade doméstica, aumento das suas projeções de inflação e desancoragem das expectativas demanda “maior cautela.”

“A política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz a ata.

O documento observa que há diferentes conduções para o ciclo de queda da política monetária, já que prevalecem as preocupações com os respectivos mercados de trabalho e o início da flexibilização monetária nos Estados Unidos. Já os países emergentes seguem mais cautelosos em relação ao cenário mais desafiador, inclusive com interrupção do ciclo de queda de juros.

“Em algumas economias emergentes, reduziu-se a antes forte correlação entre as curvas de juros locais, nos seus vértices mais longos, e as taxas das Treasuries americanas. No ambiente atual de menor liquidez, há potencialmente maior diferenciação entre ativos, aumentando, relativamente, a demanda por ativos mais seguros ou com melhores fundamentos”, diz o texto.

O Copom voltou a reiterar que “não há relação mecânica entre a condução da política monetária norte-americana e a determinação da taxa básica de juros doméstica”. Por isso, o colegiado focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna. “Um cenário de maior incerteza global sugere maior cautela na condução da política monetária doméstica, devido à possível ocorrência de movimentos mais abruptos no cenário prospectivo”, diz.

Segundo o Copom, o comportamento do mercado de trabalho e da atividade doméstica têm surpreendido e divergido da desaceleração esperada. Isso é verdade especialmente para consumo das famílias, disse o comitê. Além disso, o aumento das expectativas de inflação também é um fator de preocupação.

“Houve nova elevação das projeções de inflação tanto para 2024 quanto para 2025, não obstante a elevação do condicionante de taxa Selic retirado da pesquisa Focus. De forma análoga, as expectativas de inflação apresentaram desancoragem adicional desde a reunião anterior”, destacou o comitê.

O Copom informou que, na discussão para definir a taxa Selic, avaliou cenários com um juro real neutro de 4,5% a 5%. Também reforçou que alguns fatores podem fazer a taxa neutra subir, citando o “esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública.”

Um aumento na taxa neutra de juros, segundo o Copom, teria impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.

Com Estadão Conteúdo

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