Copom aponta ‘surpresa’ em aumento de preços, e reitera nova alta de juros; entenda

O Comitê de Política Monetária, o Copom, do Banco Central antevê pelo menos mais um aumento de 1,00 p.p. da taxa Selic na próxima reunião, no começo de maio, o que elevaria o índice a 12,75% a.a. O valor está em linha com a mediana das expectativas do mercado, segundo último relatório Focus divulgado ontem (21).

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Segundo a ata da última reunião do Copom, divulgada há pouco, a atuação do Comitê visa combater os impactos secundários do atual choque de oferta em diversas commodities – em especial, por conta da guerra na Ucrânia – que se manifestam de maneira defasada na inflação.

“No cenário externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial.”

“Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as pressões inflacionárias que já vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avançadas. Desde a última reunião, a maioria das commodities teve avanços relevantes em seus preços, em particular as energéticas”, destaca o relatório.

Segundo avaliação do Copom, a reorganização das cadeias globais de produção, com a criação de redundâncias produtivas e aumento do nível de estoques, podem ter consequências de longo prazo e se traduzirem em pressões inflacionárias por tempo mais prolongado.

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No ambiente doméstico, a autoridade indicou que a inflação ao consumidor segue elevada, com alta disseminada entre vários componentes, e mais persistente que o antecipado.

“A alta nos preços dos bens industriais não arrefeceu e deve persistir no curto prazo, enquanto a inflação de serviços acelerou ainda mais. As leituras recentes vieram acima do esperado e a surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos mais associados à inflação subjacente”, destacou.

A inflação subjacente é uma medida que busca desconsiderar o impacto de fatores temporários ou circunstanciais a fim de identificar as tendências de aumento de preços.

“As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”, destaca.

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Copom avalia cenário misto para atividade econômica

A elevação das taxas de juros é o principal recurso do Banco Central brasileiro para conter o aumento de preços, a fim de garantir a estabilidade monetária, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego.

Entretanto, juros mais altos estimulam a poupança e a compra de títulos públicos, o que tira recursos de circulação da economia e restringe as perspectivas de crescimento econômico.

Sobre o crescimento econômico brasileiro, o Copom afirma que, se por um lado a elevação dos prêmios de risco e o aperto mais intenso das condições financeiras atuam desestimulando a atividade econômica, por outro, o Copom segue avaliando que o crescimento tende a ser beneficiado pelo desempenho da agropecuária.

O comitê, entretanto, ressalta que a expectativa para o setor vem em volume menor que o projetado na última reunião. O Copom também destaca influência positiva do processo remanescente de normalização da economia – particularmente no setor de serviços e no mercado de trabalho.

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Balanço de riscos

Segundo destaca, existem fatores que podem alterar as perspectivas do Copom em ambas as direções, ainda que haja preponderância maior de tendência altista para inflação e juros.

“Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo dos seus cenários”, aponta.

“Por outro lado, políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país”, completa o comitê.

Segundo o Copom: “Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal mantém elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação [processo em que o aumento de juros deixa de influenciar as projeções do mercado], mas considera que esse risco está sendo parcialmente incorporado nas expectativas de inflação e preços de ativos utilizados em seus modelos”.

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Pedro Caramuru

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