Copom eleva taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou nesta quarta (18) uma alta de 0,25 ponto percentual na taxa Selic. No comunicado, o comitê cita um ambiente externo desafiador que suscita dúvidas sobre o ritmo da desinflação.
A decisão do Copom de elevar a Selic já era esperada por boa parte do mercado e foi unânime no colegiado: Roberto Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira votaram pela elevação.
“O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista”, diz o comitê, que complementa afirmando que a decisão de elevar a taxa Selic é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta.
No comunicado do Copom, o comitê também escreve que, no Brasil, o conjunto de indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentando dinamismo maior do que o esperado, com a inflação medida pelo IPCA cheio e as medidas de inflação subjacente se situando acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes.
Já o ambiente externo permanece “desafiador”, na visão do Banco Central, “em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed“.
Vale lembrar que, nesta quarta-feira, o Fomc cortou a taxa Fed Funds pela primeira vez desde a pandemia de Covid-19. Com isso, os juros dos EUA agora situam-se na faixa entre 4,75% e 5%.
O Copom avalia que existe uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação no Brasil.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, o comitê destaca:
- Uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
- Uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado;
- Uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada.
Já entre os riscos de baixa, são citadas:
- Uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada
- Impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
Mais uma vez, o Copom cita a política fiscal no seu comunicado, afirmando que ela impacta a política monetária e os ativos financeiros e reafirmando que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros.
Por fim, o comitê evita, mais uma vez, fornecer um forward guidance, afirmando que o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo serão ditados pelo firma compromisso de convergência da inflação à meta.
Além disso, diz o comunicado, os próximos passos do Copom “dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”.