O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou nesta quarta-feira (11) uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic, que assim passa a ser fixada em 12,25% ao ano. No comunicado, o comitê cita o dinamismo dos indicadores econômicos domésticos e um ambiente externo “desafiador”, além de projetar novas altas da mesma magnitude nas duas próximas reuniões.
A decisão do Copom de elevar a Selic já era esperada por boa parte do mercado, que se dividia entre os que apostavam em um avanço de 0,75 ponto percentual e os que acreditavam em uma alta de 1 ponto.
Fato é que a opção por elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual foi unânime no colegiado: Roberto Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira votaram pela elevação.
“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, dinamismo acima do esperado na atividade e maior abertura do hiato do produto, o que exige uma política monetária ainda mais contracionista”, afirma o comunicado do Copom.
O comitê também afirma que os indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho no Brasil seguem apresentando dinamismo, com a inflação cheia e as medidas subjacentes se situando acima da meta para a inflação, além de terem apresentado elevação nas divulgações mais recentes.
Já o ambiente externo, de acordo com o comitê, permanece “desafiador”, sobretudo “em função da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”.
O Copom avalia que o cenário atual se mostra menos incerto e mais adverso do que na reunião anterior. Contudo, diz o comunicado, persiste uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação.
Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, o comitê destaca:
- Uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado;
- Uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo;
- Uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada
Já entre os principais riscos de baixa, são citados:
- Uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada;
- Os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado
Mais uma vez, o Copom cita também a política fiscal no seu comunicado, afirmando que ela impacta a política monetária e os ativos financeiros.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio. Avaliou-se que tais impactos contribuem para uma dinâmica inflacionária mais adversa”, diz.
Ao contrário dos últimos comunicados, desta vez o Copom forneceu um “forward guidance“. “Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação”, o comitê projeta novas altas da mesma magnitude na Selic nas duas próximas reuniões, “em se confirmando o cenário esperado”.