O Itaú BBA reiterou recomendação de compra para Copel (CPLE6) e elevou seu preço-alvo. O banco afirma que a avaliação é resultado da renovação das concessões de hidrelétricas e os ganhos esperados de eficiência com a privatização. Além disso, analistas apontam possível crescimento de dividendos.
“Vemos o nome como um porto seguro no setor de serviços públicos e com uma avaliação atraente, catalisadores potenciais à frente e baixo risco de execução. Vemos ainda uma atrativa TIR (Taxa Interna de Retorno) implícita de 11,8%”, diz o BBA.
Com isso, o banco estabeleceu o novo preço-alvo para as ações preferenciais da Copel em R$ 12 ante R$ 9,6 na avaliação anterior. Além disso, a equipe do BBA manteve recomendação outperform, equivalente a compra.
Nesta quinta, a Copel fechou em alta de 2,64%, cotada a R$ 8,95.
A Copel (CPLE6) concluiu o processo de transformação da companhia em uma corporação e sem acionista controlador, informou a empresa em comunicado divulgado em agosto.
A conclusão, segundo a empresa, ocorreu diante da liquidação financeira de oferta base secundária de ações de titularidade do Estado do Paraná e da oferta base primária de novas ações da Copel.
Conforme o comunicado, o Estado do Paraná reduziu participação nas ações com direito de voto de 69,66% para cerca de 32,32%, de modo que a Copel deixou de ser sociedade de economia mista integrante da administração pública indireta do Paraná e de se sujeitar às disposições previstas na Lei das Estatais.
Segundo analistas do BBA, a expectativa é de que a Copel reduza em 15% as despesas com Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO) em dois anos. A administração da companhia estima chegar em uma redução de 15% a 25%. Parte do corte deverá ser por demissão voluntária.
“Se assumirmos economias totais de custos de 25%, nosso preço-alvo aumentaria em 8,5%”, projeta o BBA.
Copel: vemos espaço para aumento de dividendos, diz BBA
Para a equipe do BBA, a Copel pode aumentar o pagamento de dividendos – embora haja pouca visibilidade sobre mudanças em sua política.
O banco projeta dividendos em torno de 5% nos próximos anos, caso a atual política seja seguida. “No entanto, vemos espaço no balanço da Copel para pagar dividendos mais altos se a empresa mudar sua política. O rendimento de dividendos poderia chegar a mais de 8%.”
Em relação à entrada da Copel no Novo Mercado da B3, os analistas acham o cenário improvável até a resolução do entrave entre governo federal e a Eletrobras (ELET3) sobre direito de voto.
Analistas esperam aumento do Ebitda no futuro
De acordo com o BBA, os investimentos no negócio de distribuição de eletricidade podem levar a um grande aumento no Ebitda (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) da Copel na próxima revisão tarifária em junho de 2026.
“Esperamos que a Copel invista entre 2x e 3x a depreciação regulatória nos próximos anos, concentrando-se principalmente neste ciclo tarifário, e vemos o Ebitda regulatório atingindo R$ 2,9 bilhões em 2026.”
O BBA aponta ainda que a Copel possui uma quantidade considerável de volumes de energia não contratada para serem vendidos nos próximos anos, especialmente após renovação da Usina em Foz do Areia.
Copel reverteu prejuízo e teve lucro de R$ 307 milhões
A Copel obteve lucro líquido de R$ 307,7 milhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), ante prejuízo de R$ 522,4 milhões registrados em igual período de 2022.
“Vale mencionar que o resultado do 2T22 teve o impacto da Lei 14.385/2022 com a provisão para destinação de créditos de PIS e COFINS e efeito líquido de R$ 1.202,5 milhões no resultado do trimestre. Desconsiderando esse efeito, o lucro líquido no 2T22 seria de R$ 680,1 milhões”, informou a Copel.
No período, a receita operacional líquida da Copel avançou 1,9% em relação a igual trimestre de 2022, para R$ 5,359 bilhões na base anual.
O resultado é reflexo, principalmente, do aumento de R$ 251,7 milhões na receita de disponibilidade da rede elétrica; acréscimo de R$ 56,7 milhões na receita de construção, em função, essencialmente, do aumento do volume de obras relacionadas ao programa “Transformação”; crescimento de R$ 7,9 milhões no resultado de ativos e passivos financeiros setoriais (CVA), consequência do aumento nos custos com energia, encargos e outros componentes financeiros e aumento de R$ 5,9 milhões na linha “outras receitas operacionais”.
O Ebitda da Copel ajustado, excluindo os itens não recorrentes, atingiu R$ 1,279 bilhão no período, valor 14,7% inferior do reportado no mesmo intervalo do ano anterior.
O montante, segundo a Copel, é “reflexo, sobretudo, da menor remuneração sobre ativos de transmissão, parcialmente compensado, pelo melhor resultado da Copel da Distribuição, pela melhor performance de complexos eólicos existentes e pela entrada em operação de novos ativos de geração (complexos eólicos Jandaíra, Aventura e SRMN). Desconsiderando o resultado de equivalência patrimonial, o Ebitda Ajustado teve redução de 6,5% 2T23 ante 2T22″, destacou.
A dívida consolidada da Copel chegou ao final do trimestre em R$ 16,307 bilhões, alta de 30,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
No final do 2T23, o endividamento bruto da companhia representava 74,1% do patrimônio líquido consolidado, que era de R$ 22,101 bilhões.
A alavancagem da Copel ficou em 2,5 vezes a relação dívida/Ebitda, enquanto a geração de caixa operacional foi de R$ 1,5 bilhão, alta de 3,1% na base anual.
Desempenho anual da Copel
Cotação CPLE6