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COP26: líderes mundiais anunciam promessa de frear desmatamento até 2030

Governo abre consulta sobre certificação verde de produtos da Amazônia

Governo abre consulta sobre certificação verde de produtos da Amazônia. Foto: Vlad Hilitanu/Unsplash

Os líderes mundiais decidiram se comprometer, na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26), a frear o desflorestamento até 2030. Uma declaração conjunta será adotada por mais de 100 países onde se situam 85% das florestas mundiais, entre elas a floresta boreal do Canadá, a Floresta Amazônica ou ainda a floresta tropical da bacia do Congo.

O acordo na Cúpula do Clima foi anunciado antecipadamente pelo governo britânico, anfitrião do encontro. Os ambientalistas consideram que lhe falta a urgência necessária.

A iniciativa, que se beneficiará de um financiamento público e privado de US$ 19,2 bilhões, é essencial para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 grau Celsius acima dos valores médios da era pré-industrial, disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

“Esses formidáveis ecossistemas abundantes – essas catedrais da natureza, os pulmões do nosso planeta – estão no centro da vida de comunidades ao absorver grande parte do carbono liberado na atmosfera”, defendeu Johnson.

As florestas estão recuando ao “ritmo alarmante” de 27 estádios de futebol por minuto. O primeiro-ministro considera o acordo histórico para a proteção e recuperação das florestas mundiais”.

Boris Johnson afirmou que não são apenas países que se juntaram a esse compromisso, que também abrange o setor privado. Acrescentou que é uma “oportunidade sem paralelo para a criação de empregos”.

O compromisso é classificado como “sem precedentes”.

O evento Ação sobre Florestas e Uso da Terra, do qual participaram a cúpula de líderes mundiais da COP26 reuniu uma aliança sem precedentes de governos, empresas, atores financeiros e líderes não estatais para aumentar a ambição sobre as florestas e o uso da terra.

Doze países doadores comprometem-se com um novo Compromisso de Financiamento Florestal Global. O objetivo é apoiar ações em países em desenvolvimento, incluindo a restauração de terras degradadas, combate a incêndios florestais e promoção dos direitos dos povos indígenas e das comunidades locais.

Entre os signatários do compromisso na Cop-26, estão o Brasil e a Rússia, países acusados da aceleração da desflorestação nos seus territórios, bem como os Estados Unidos, a China, a Austrália e a França.

Numa das sessões de hoje da 26ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), os dirigentes de mais de 30 instituições financeiras irão também comprometer-se a não investir mais em atividades ligadas à desflorestação, segundo o comunicado de Downing Street.

Atualmente, quase um quarto (23%) das emissões mundiais de gases com efeito de estufa provém de atividades como a agricultura e a indústria madeireira.

COP-26: Greenpeace diz que metas estão longe da urgência

Esse novo compromisso faz eco da Declaração de Nova York sobre as Florestas, de 2014, quando muitos países se comprometeram a reduzir para metade a desflorestação em 2020 e a pôr-lhe fim em 2030.

Para organizações não governamentais (ONG) como o Greenpeace, o objetivo de 2030 está demasiado distante no tempo e dá, assim, ‘luz verde’ a “mais uma década de desflorestação”.

Os especialistas alertam que o acordo anterior, de 2014, “falhou no compromisso de desacelerar” a desflorestação.

Embora saudando esses anúncios, Tuntiak Katan, da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia da Amazônia (Coica), indicou que a forma como as verbas alocadas a esse objetivo serão efetivamente gastas será monitorada de perto.

OCDE e AIE: alta em preços de energia reforça necessidade de transição limpa

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Agência Internacional de Energia (AIE) argumentam em comunicado que o “salto” recente nos preços de energia reforça a necessidade de transições para uma energia mais verde, em vez de se subsidiar combustíveis fósseis. As entidades argumentam que os países devem resistir a que os governos elevem o apoio a esses combustíveis.

Em vez de apoiar combustíveis fósseis, as nações devem levar em conta a ameaça das mudanças climáticas e a necessidade de uma “recuperação verde”, acelerando investimentos em infraestrutura de energia sustentável e na criação de empregos verdes.

As entidades lembram de um compromisso de 2009 do G20 para reduzir gradualmente os subsídios com combustíveis fósseis. Grandes economias, porém, continuam a apoiar a produção e o consumo de carvão, petróleo e gás natural com centenas de bilhões de dólares ao ano, destacam.

Dados da OCDE e da AIE mostram que o apoio em geral dos governos aos combustíveis fósseis diminuiu em 2020, mas isso em grande parte graças à queda na demanda por causa da pandemia da covid-19.

No quadro atual de preços de energia mais altos e retomada na atividade, é de se esperar que aumentem esses subsídios em 2021, advertem elas.

COP-26: empresas se comprometem com US$ 3 bi para gado e soja livre de desmatamento

Oito instituições financeiras e empresas do agronegócio anunciaram um compromisso de US$ 3 bilhões para a produção de soja e gado livre de desmatamento e conversão de habitats naturais na América do Sul, informou em nota a ONG The Nature Conservancy. O acordo prevê ainda US$ 200 milhões em desembolsos até 2022.

“Os compromissos feitos por essas entidades privadas irá acelerar o fluxo de capital para os agricultores, viabilizando a transição para modelos de negócios mais sustentáveis, incluindo a expansão da produção em pastagens degradadas e aumento da produtividade – por exemplo, por meio da intensificação sustentável da pecuária”, avalia a TNC na nota.

As empresas também assinaram a declaração de lançamento da iniciativa Inovação Financeira para a Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC), se tornando as primeiras signatárias da iniciativa, com objetivo de tornar a produção de commodities da região para um modelo mais sustentável.

A meta do IFACC é atingir US$ 10 bilhões em compromissos e US$ 1 bilhão em desembolsos, até 2025.

Segundo a TNC, as empresas &Green Fund, AGRI3, DuAgro, Grupo Gaia, JGP Asset Management, Syngenta, Sustainable Investment Management e VERT anunciaram seus compromissos financeiros na Cúpula dos Líderes Mundiais dentro da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), que iniciou no domingo em Glasgow, Escócia.

(Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)

 

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