O volume baixo de chuvas entre janeiro e fevereiro poderá acarretar alta de até 5% nas tarifas residenciais neste ano. O cálculo foi feito pela PSR Consultoria, e divulgado pelo jornal “O Globo”.
Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o atual cenário hidrológico (que contabiliza as chuvas) poderá gerar déficit de R$ 22 bilhões para as usinas hidrelétricas.
O órgão é responsável por regulamentar os contratos de compra e venda de energia no País. Ainda segundo a CCEE, sem águas nos reservatórios, as usinas terão de adquirir energia com preço maior no mercado para honrar os contratos.
Do total de R$ 22 bilhões, 72% serão pagos pelos consumidores do mercado cativo, como clientes residenciais e comerciais. No mercado cativo, não se escolhe o fornecedor de energia.
O presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri, afirmou ao jornal “O Globo” que o déficit previsto para 2019 reflete a conjuntura de um ano hidrológico ruim.
“Em novembro do ano passado, a avaliação era que 2019 seria favorável. Mas, no início deste ano, as chuvas não vieram. O cenário fez a CCEE projetar esse impacto para as hidrelétricas, que precisarão comprar energia para honrar seus contratos. Esse é o cenário hoje. Essa exposição afeta as tarifas de energia do mercado cativo”, explicou Altieri.
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Usinas hidrelétricas podem ter de comprar energia de usinas termelétricas
De acordo com o coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), Nivalde de Castro, do Instituto de Economia da UFRJ, o volume de chuvas neste início de 2019 representa 65% da média histórica, onde estão localizados os principais reservatórios.
Desta forma, as usinas hidrelétricas, provavelmente, não conseguirão gerar o volume contratado.
Assim, serão forçadas a comprar energia no mercado livre, no qual a maioria das comercializadoras são usinas termelétricas. O custo da energia gerada nestas usinas é mais caro.
“Esse impacto estimado de R$ 22 bilhões é um problema conjuntural importante, na medida em que pode levar a aumento das tarifas e da inflação. E isso pode se tornar uma preocupação para o Ministério da Economia. Isso já está na agenda do Ministério de Minas e Energia. E essa será uma das prioridades do governo, pois vai afetar o bolso do contribuinte”, opinou Castro ao “O Globo”.
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, informou que as chuvas são insuficientes para recuperar os níveis de reservatórios de hidrelétricas desde 2014.
Assim, as hidrelétricas tem comprado cada vez mais energia das termelétricas.
Caso seja necessário, o governo já possui preparo para importar cerca de mil megawatts (MW) médios de energia:
- do total, 600 MW virão da Argentina;
- e 420 MW virão do Uruguai.
“Não há risco de desabastecimento. Mas passamos a ter uma energia mais cara”, disse Barata.