A empresa de óleo e gás Constellation, do Grupo Queiroz Galvão, planeja entrar com pedido de recuperação judicial nos próximos dias. A organização possui dívida de US$ 1,7 bilhão desde o início do ano, e dificuldade para entrar em acordo com credores.
A empresa precisa entrar em acordo com o sindicato de bancos estrangeiros, com o Bradesco e com bondholders (donos de títulos com vencimentos em 2019 e 2024). A Constellation conseguiu apoio de 50% dos credores, mas a recuperação judicial será necessária a fim de estender o período para quitar as dívidas.
O acordo com o sindicato de bancos estrangeiros e com o Bradesco segue mais avançado do que o diálogo com os detentores dos títulos. Uma parcela de investidores ainda procuram saída fora da esfera judicial.
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Fluxo do caixa
O fluxo do caixa da empresa vem caindo desde que as investigações da Lava Jato fizeram com que a Petrobras reduzisse gastos com a renovação de arrendamentos de plataformas de petróleo.
A Constellation iniciou o ano com US$ 269 milhões em caixa. Na conta, precisaria devolver aos credores US$ 652 milhões.
Apenas para o Bradesco, a companhia deve US$ 150 milhões desde agosto. O último prazo de pagamento vence amanhã.
Em alguns casos, foi utilizado o período de carência de 30 dias para pagar juros vencidos neste ano. Assim, não houve configuração de calote.
Todavia, pagamentos fora desse período ocorreram, o que conduziu as agências de risco a rebaixarem a nota da empresa.
Em relação às plataformas, 7 de 8 estão desocupadas. Desta forma, a empresa vem pedindo para alongar as dívidas para ganhar mais tempo para realocar as plataformas no mercado.
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A primeira proposta de negociação foi em maio, mas não obteve adesão adequada. Além da disputa sobre as novas condições de pagamento, os investidores possuem dúvidas referentes às garantias.
Os credores da Constellation almejam que todas as plataformas da empresa garantam a dívida total, de acordo com o Estado. Assim, caso uma plataforma não esteja em operação, a dívida passa a ser paga por aquela que estiver operando.
Entretanto, algumas plataformas já tornaram-se garantia a credores específicos. Assim como existem plataformas que têm a participação de sócios, e que não dividem responsabilidade total sobre a dívida. Este é o caso das plataformas Laguna e Amaralina.
A empresa Alperton, sócia destas plataformas, questiona há meses o Grupo Queiroz Galvão acerca das negociações, na tentativa de evitar que as plataformas tornem-se garantias.
Grupo Queiroz Galvão
A família Queiroz Galvão, que detém 74% da Constellation, tem acumulado dificuldades na aprovação do plano de reestruturação.
Além disso, na segunda-feira (26) entrou com pedido de recuperação judicial da sua subsidiária de energia. Também há negociações em andamento para salvar a empreiteira, a empresa de exploração e o Estaleiro Atlântico Sul.
O Grupo Queiroz Galvão existe desde 1953. Além do setor de óleo e gás da empresa Constellation, o grupo atua na indústria siderúrgica, na agropecuária e alimentos, nos transportes urbanos, também realiza concessões de serviços públicos e atua na área financeira