As ações cotadas nas Bolsas de Valores registram perdas e ganhos diários que dependem de vários fatores e representa uma desvalorização ou valorização do valor total de uma empresa.
A economia do País, o cenário externo, além de escândalos, tragédias e investigações que envolvem uma empresa costumam fazer os papéis passarem por desvalorizações na bolsa. Casos como da JBS, famosa pelo “Joesley Day”, ilustram que apesar dos movimentos negativos, ações podem se recuperar após a queda.
Confira as empresas que apresentaram quedas abruptas e retornaram ou superaram ao patamar anterior:
Petrobras
A Petrobras (PETR4) reportou uma queda de 35,4% com a greve dos caminhoneiros e a saída do ex-presidente da estatal, Pedro Parente.
A paralisação teve inicio no dia 21 de maio de 2018. Neste dia, as ações preferenciais da petrolífera encerraram cotadas a R$ 25,05. Em 1° de junho o presidente da Petrobras pediu demissão e a greve foi encerrada, os papéis fecharam o pregão sendo negociados a R$ 16,16.
Atualmente, cerca de dois anos após o movimento, as ações da estatal superaram o patamar em que estavam sendo negociadas anteriormente. Em janeiro de 2020, os papéis estavam cotados na casa dos R$ 30.
Na paralisação, os caminhoneiros exigiam uma redução nos preços do óleo diesel, que na época subiram mais de 50% nos últimos 12 meses, e também uma fixação de uma tabela mínima para os valores de frete.
Os caminhões ficaram parados, bloqueando parcialmente as rodovias, desse modo, os combustíveis deixaram de ser entregues em diversos postos e outras atividades que esperavam matérias-primas e produtos essenciais, como alimentos, também acabaram desabastecidos.
Os representantes da categoria e o governo fecharam um acordo. Os caminhoneiros afirmaram que foram atendidos em suas reivindicações e considerou o trato “como uma vitória”.
JBS
As ações da JBS (JBSS3) despencaram 19,97% em 18 de maio de 2017 com a entrega de parte de um acordo de colaboração premiada, contendo gravações de conversas comprometedoras com diversas autoridades políticas, incluindo o ex-presidente Michel Temer, e o então senador Aécio Neves.
Os papéis da empresa de alimentos já estavam caindo na época com a operação Carne Fraca, iniciada no dia 17 de março, na casa dos R$ 10. Após um mês, o dia conhecido como “Joesley Day”, os ativos ficaram em R$ 8,58.
Hoje, aproximadamente três anos depois, as ações estão cotadas próximas a R$ 30. No inicio do ano, dia 2, os papéis encerram o pregão em R$ 27,20.
A operação Carne Fraca foi uma operação deflagrada pela Polícia Federal que investigava as maiores empresas do ramo de alimento acusada de adulterar a carne que vendiam nos mercados interno e externo. O escândalo envolvia mais de 30 empresas alimentícias.
Um mês após a operação, aconteceu o “Joesley Day” que abalou o mercado financeiro como um todo. O dólar abriu subindo 8,06% e o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, o Ibovespa, caiu 8,80% em um único dia.
No período, a reforma da previdência tramitava no Congresso e a frente estava o ex-presidente Temer. Na gravação, o dono da JBS, Joesley Batista, solicitava ao mandatário favorecimento para resolver uma pendência junto ao Cade. Durante a conversa foi discutido o pagamento de uma propina, configurando-se um esquema de corrupção.
Ações do BTG Pactual
O banco BTG Pactual (BPAC11) reportou uma forte queda de 18,48% no dia 26 de agosto de 2019, com os desdobramentos da Operação Lava Jato sobre esquema de propina.
As investigações tiveram início no dia 23, neste dia as ações encerram cotadas a R$ 56,99. Depois de três dias, os papéis foram cotados a R$ 46,46. Nesta mesma data, a Polícia Federal havia mandados de busca e apreensão do presidente da instituição financeira de investimento, André Esteves.
Atualmente, cerca de cinco meses após a queda abrupta, o banco de investimento já ultrapassou a marca da depreciação de ações. No inicio de janeiro, as ações foram encerradas pelo valor de R$ 76,30.
A “Operação Pentiti”, como era denominada, alegava em seu documento, baseado em uma delação de alguém ligado ao BTG Pactual que o banco mantinha uma espécie de “Departamento de Operações Estruturadas” dedicado à lavagem de dinheiro.
Segundo o jornal O Antagonista, a fonte, que já colaborou com a Lava Jato em outras ocasiões, explicou que esse “tinha como objetivo criar ferramentas e procedimentos que permitissem tanto ao próprio banco como a clientes específicos a manipulação artificial do resultado financeiro de entidades (pessoas) jurídicas”.
Esses “mecanismos” teriam sido “oferecidos a diversos clientes com o objetivo de ocultar recursos financeiros oriundos da lavagem de dinheiro fora do país”. Entre eles, estariam “swaps de balcão não registrados na Cetip”, além de títulos que tiveram seus indexadores informados após liquidação do contrato. Nesse caso, teria sido utilizada uma conta ‘cliente’ para movimentação de recursos de origem ilícita.