O novo governo Lula assumiu a gestão há pouco mais de 10 dias, tendo sido eleito com promessas políticas focadas mais na redução de desigualdade sociais do que no mercado. Diante disso, quem tem ações listadas no Ibovespa tem se perguntado como proteger os investimentos em 2023.
As incertezas políticas para os investidores ainda são muitas. A bolsa brasileira iniciou o ano com perdas — o que a fez encerrar a primeira semana com baixa acumulada de 0,70%. Embora o Ibovespa já esteja se recuperando, operando no intradia desta quarta-feira acima dos 111 mil pontos, o mercado ainda está cauteloso com o desempenho das ações para 2023.
Mas as preocupações não são à toa. Gustavo Sung, economista-chefe do Suno Research, pontua que “o mercado aguarda com expectativa sobre como se darão o novo arcabouço fiscal, as negociações com o Congresso e as reformas prometidas pelo novo governo“. Entre elas, estão o aumento do valor do Bolsa Família para R$ 600, o reajuste do salário mínimo (previsto agora para maio) e a exoneração dos combustíveis.
O novo governo tem o desafio ‘ajeitar a casa’, aumentar a arrecadação e diminuir as despesas.
Para as pessoas que estão temorosas sobre como proteger os investimentos em 2023, Sung lembra também que em todo primeiro ano de governo (com exceção dos dois mandatos de Dilma Rousseff), a bolsa brasileira se valorizou.
No entanto, considerando o mercado como todo e o desempenho das ações nos últimos anos no Brasil — que contou com crises políticas e desacelerações na economia —, Sung alerta: “O investidor teria melhor desempenho se também apostasse em ativos lá fora”.
Também haverá impactos internacionais
Nos dois primeiros mandatos de Lula, o mercado financeiro se beneficiou com o chamado “boom das commodities“. Apesar disso, o economista-chefe da Suno Research frisa que esse não deverá ser o cenário para as ações em 2023.
Além disso, Sung destaca que três fatores internacionais devem impactar os investimentos neste ano. Sendo eles:
- Taxa de juros nos Estados Unidos;
- Reabertura econômica da China;
- Recessão na Europa.
“Quando o Federal Reserve (Fed) sinalizar que vai parar de subir a taxa de juros, aumentará o apetite ao risco dos investidores — e isso irá afetar tanto o Brasil quanto a Europa. Em relação à China, com o fim da política de covid zero, poderá haver maior demanda por comodidites, como o minério de ferro. Já a Europa passa por uma recessão branda, com inflação estável”, explica.
Como proteger os investimentos em 2023 apostando no mercado internacional?
Alberto Amparo, head de Análise Internacional do Suno Research, reforça que momentos de incerteza podem abrir grandes oportunidades. Ele pontua que uma forma de proteger os investimentos em 2023 é trabalhar com uma carteira diversificada — inclusive com ativos internacionais.
As pessoas têm receio de se tornar um investidor global, mas muito é fácil. Olhando para o mundo, são milhares de empresas que os brasileiros também podem investir.
Amparo também lembra que ciclos de otimismo e pessimismo atingem todas as bolsas de investimentos. Assim, se o investidor tiver ações alocadas em diferentes lugares, caso haja uma queda acentuada no Brasil, por exemplo, as perdas serão amenizadas. Se não houver uma diversificação internacional, toda a carteira irá cair.
“Se você tem ativos em mais de um país, caso ocorram quedas, é possível balancear os ganhos e perdas e proteger os investimentos”, diz.
E para investir nas bolsas internacionais não há muito mistério, reforça Amparo. Ele destaca que o investidor brasileiro tem dois caminhos:
- abrir conta em uma corretora americana;
- comprar BDRs diretamente na B3.
O head de Análise Internacional lembra que, no primeiro caso, o investidor terá acesso a mais de 3 mil ativos, isenção de impostos sobre grande capital (lucro) se houver vendas até R$ 35 mil por mês, porém há o pagamento de taxas para converter reais e dólar nas negociações.
No caso dos BDRs, o investidor brasileiro terá acesso a um leque menor, de aproximadamente 700 ativos, sem isenção de impostos — pagando uma taxa de 3% sobre os dividendos que as empresas distribuírem. No entanto, há maior praticidade pela compra ser em real.
Desta forma, tanto Gustavo Sung quanto Alberto Amparo reforçam que a melhor forma de proteger os investimentos em 2023 é apostar em um portfólio diversificado que, se possível, conte com ativos internacionais.