Como investir em renda fixa e obter ganhos maiores que os do tesouro direto?

Com o aumento na taxa dos títulos do tesouro direto, encontrar ativos que pagam IPCA + 6% tornou-se a “bola da vez”, pelo menos neste contexto de taxa Selic acima de dois dígitos e mercado volátil. Com isso, a pergunta que o investidor se faz é: dá pra investir em renda fixa e obter ganhos superiores aos do tesouro direto?

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Sim, é possível bater o “temido” IPCA + 6%. Com inflação acumulada em 4,23% nos últimos 12 meses, o um título com taxa IPCA + 6,15% pode render em torno de 10,38% ao ano. Ou seja, esse é o retorno a ser superado. 

Na visão do analista da Suno, Vinicius Romano, via de regra, “títulos privados tendem a entregar taxas de rentabilidade superiores aos títulos públicos, dado o seu maior nível de risco”. Ou seja, é possível bater o tesouro direto

Neste caso, os produtos em questão são os CRIs, CRAs, debêntures entre outros, que são títulos da dívida emitidos por empresas. Quando as taxas dos títulos públicos sobem, esses ativos também são estruturados com spreads maiores, uma vez que eles possuem maior risco quando comparado ao ativos do “tesouro direto”. 

O principal ponto de atenção, afirma Romano, é sobre a saúde financeira do emissor. “É necessária uma boa análise de crédito, para evitar ‘calotes’ no título”. Por isso, os fundos de crédito privado podem ser opções interessantes para quem quer uma rentabilidade maior que a do tesouro direto.

Fundos de crédito privado

Com gestores profissionais, em tese, os fundos conseguem selecionar os melhores títulos com melhor perfil de crédito. 

“Existem fundos que compram basicamente títulos do Tesouro Selic, apresentando, portanto, um risco baixo. Por outro lado, alguns fundos investem em debêntures de empresas mais arriscadas”, comenta o analista da Suno. Por isso, é fundamental que o investidor entenda a composição da carteira dos fundos e avalie se eles são compatíveis com seu perfil de investimento. 

Enquanto o Tesouro Direto é considerado mais seguro por ser garantido pelo governo, os fundos de crédito privado capturam oportunidades em setores diversificados, muitas vezes superando o rendimento de títulos públicos. A gestão profissional ativa desses fundos permite aproveitar condições favoráveis do mercado e minimizar riscos.

Em um ambiente de juros altos, os títulos privados tendem a emitir com taxas de retorno mais atrativas, permitindo que os fundos de crédito capturem esses ganhos adicionais. 

De acordo com a AZ Quest, “o mercado de crédito privado continua aquecido, e continua sendo um refúgio dos investidores diante da volatilidade das demais classes de ativos”. Entre os fundos de crédito da casa, o melhor desempenho foi do Fundo AZ Quest Altro FIC FIM CP, com um rendimento de +1,02% (129,5% do CDI) no mês de junho. 

Nos últimos 12 meses, o fundo teve um retorno de 17,58%, batendo o “IPCA + 6%” dos títulos públicos. 

A Clave Capital também possui fundos de crédito privado com retornos acima do benchmark, com uma composição de carteira diversificada entre títulos mais seguros e papéis com oferta de maior rentabilidade.

O Multi Credit Plus (High Yield), com foco em maximização da rentabilidade para investidores com maior disposição para risco, entregou nos últimos 12 meses um resultado de 14,83%, enquanto o Multi Credit (High Grade), direcionado a investimento empresas com classificação AAA, obteve um retorno de 13,85%.

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Fundos de debêntures incentivadas

Os fundos de debêntures também são uma opção atraente para investidores que buscam rendimentos acima dos títulos públicos. 

Esses fundos investem em títulos privados de renda fixa emitidos por empresas de infraestrutura e podem oferecer uma rentabilidade superior aos títulos públicos indexados ao IPCA. 

Ao comprar cotas de um fundo de debêntures, o investidor tem acesso a uma carteira diversificada de ativos e conta com a expertise de gestores para maximizar o retorno com menor risco. 

Entre os fundos com maior rentabilidade do segmento renda fixa/crédito privado, segundo dados do Status Invest, o fundo RB Capital FIC de Fundos Incentivados de Investimento em Infraestrutura rendeu 0,94% em junho (119% CDI). No acumulado dos últimos 12 meses o fundo rendeu 18,00% (154% CDI).

Já o Fator Debêntures Incentivadas entregou nos período de 12 meses até junho uma rentabilidade de 16,3%, num cenário que se mostra favorável diante da exposição a papéis remunerados pelo CDI. O fundo possui aproximadamente 95% de seus ativos alocados em papéis com Rating AAA e AA. 

É importante lembrar que esses fundos estão sujeitos a riscos de mercado e de crédito, por isso é fundamental analisar a qualidade dos ativos e a política de investimento do fundo. 

ETFs que investem em renda fixa

Além dos fundos de crédito privado e debêntures, os ETFs – fundos de índice – que investem em renda fixa também estão bem cotados para render mais que os títulos públicos. 

Esses fundos de investimento acompanham índices do mercado de renda fixa e oferecem diversificação, taxas de administração menores e facilidade de negociação na bolsa de valores. 

Com uma única cota, é possível acessar uma carteira diversificada de títulos públicos e privados. Além disso, os ETFs de Renda Fixa não possuem vencimento e são tributados com alíquota de 15% sobre o rendimento. 

O NTNS11, ETF da Investo que investe em NTN-Bs curtas de 0 a 4 anos, possui uma volatilidade menor, de quando comparado aos títulos de vencimento mais longos. Além disso, o retorno também é maior. 

De acordo com a gestora, o NTNS11 apresenta um yield de IPCA + 6,25%, rentabilidade superior à da NTN-B com vencimento em 2035, que é IPCA + 6,12%. 

Lembrando que todas as citações de fundos de renda fixa aqui não são recomendação de investimentos.

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Gustavo Bianch

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