O cenário macroeconômico brasileiro vem pressionando o mercado de Fundos Imobiliários (FIIs) no Brasil em 2024. O índice IFIX, que mede o desempenho desses fundos, acumula três meses seguidos de queda, e iniciou dezembro com recuo de 3,80%. Os números marcam um momento de incerteza, mas também abrem espaço para oportunidades em 2025.
O que os especialistas destacam que fundos imobiliários com portfólio de qualidade oferecem retornos no longo prazo aos seus investidores, com dividendos constantes e acima do CDI.
Olhando para o próximo ano, Leonardo Garcia, analista de FIIs do Trix enxerga o momento atual como uma janela de oportunidades para os investidores de longo prazo.
“Estamos vendo excelentes ativos sendo negociados com descontos significativos, comparáveis aos observados no auge da pandemia. Fundos de tijolo com ativos de alta qualidade estão em condições atrativas, e mesmo fundos de papel mostram descontos relevantes, apesar de não haver problemas significativos de inadimplência”, avalia o analista.
Fundos imobiliários com portfólio de qualidade são resistentes aos momentos de crise
Porém, como o cenário macroeconômico está “nebuloso”, os especialistas alentam para a análise da qualidade do portfólio desses fundos, e não apenas seus ganhos mensais.
Na visão de Julian Avril, gestor do fundo GAME11, os FIIs com um portfólio predominantemente high-grade apresentam uma matriz de risco retorno muito atraente, uma vez que o principal componente do resultado são os indicadores macroeconômicos.
Nesse cenário adverso, os fundos imobiliários demonstram ativos resilientes e consistentes na distribuição de dividendos. Entre os destaques estão os fundos de papel e multiestratégia, que conseguem se adaptar facilmente às novas realidades e obter bons resultados em momentos de juros elevados, comenta o especialista.
Esses fundos citados possuem ativos indexados à inflação e/ou CDI, oferecendo um prêmio vantajoso em momentos de alta de juros e IPCA.
De igual modo, FIIs que investem diretamente em imóveis de qualidade e “regiões premium”, são os mais indicados.
Mesmo em contextos difíceis, o mercado de FIIs demonstra resiliência e capacidade de gerar oportunidades para investidores atentos. Os movimentos recentes destacam a importância de uma análise criteriosa e de uma estratégia bem definida para navegar pelas adversidades e aproveitar o potencial de retorno a longo prazo, comenta o analista do Trix.
O que está acontecendo com os fundos imobiliários?
Na primeira semana de dezembro, o IFIX caiu 3,80%. No ano, o índice recua 8,86%, e nos últimos 12 meses, a queda é de 5,09%.
Segundo Garcia, esse movimento negativo é um reflexo de condições externas que estão impactando o mercado brasileiro de forma ampla e devem seguir no radar ao longo dos próximos meses.
“Assim como vimos no Ibovespa, o IFIX foi pressionado pelo pacote fiscal anunciado pelo governo, que elevou os juros futuros e o dólar. Essa dinâmica afetou tanto os fundos de tijolo quanto os de papel”, explica Garcia. Ele aponta que, nesse contexto, apenas os fundos indexados ao CDI conseguiram algum benefício.
“Os juros altos são típicos em países em desenvolvimento e reduzem o apetite por risco. Isso ajuda a explicar por que ativos como o IFIX e o Ibovespa têm enfrentado tantas dificuldades”, afirma o analista.
Além disso, ele finaliza que a percepção de falta de credibilidade fiscal, agravada por pacotes de gastos desanimadores, intensifica o cenário de desconfiança.