Como bater o retorno do Tesouro Direto investindo em renda fixa?
Nos últimos meses, o retorno dos títulos do Tesouro Direto tem demonstrado força, impulsionado pela alta dos juros futuros, que responderam a preocupações fiscais e a uma inflação próxima ao teto da meta. Os títulos prefixados voltaram a render mais de 12,7% ao ano, ou 1% ao mês. Já os títulos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA, também têm mostrado rentabilidades competitivas, com um retorno que ultrapassa 6,5% acima da inflação. Tem como bater esse retorno investindo em renda fixa?
Na visão do analista da Suno Research, Vinicius Romano, via de regra, “títulos privados tendem a entregar taxas de rentabilidade superiores aos títulos públicos, dado o seu maior nível de risco”. Ou seja, é possível bater o tesouro direto, mas quem investe precisa ser criterioso na análise.
O principal ponto de atenção, afirma o analista, é sobre a saúde financeira do emissor. “É necessária uma boa análise de crédito, para evitar ‘calotes’ no título”.
Neste caso, os produtos em questão são os CRIs, CRAs, debêntures entre outros, que são títulos da dívida emitidos por empresas. Quando as taxas dos títulos públicos sobem, esses ativos também são estruturados com spreads maiores, uma vez que eles possuem maior risco quando comparado ao ativos do “tesouro direto”. Há no mercado diversos fundos que investem nesses títulos privados.
Além disso, também é possível encontrar ETFs, que são fundos listados em bolsa, que possuem uma cesta de ativos de renda fixa. Em sua maioria, também eles também investem em títulos públicos.
Investir em ETFs de renda fixa
No geral, a abertura das taxas de juros futuros traz maior volatilidade para o mercado, fazendo com que os investidores optem por ativos mais seguros. Mas até na bolsa de valores há opções de investir em renda fixa.
De acordo com Alessandra Gontijo, CCO da Investo, a conjuntura ressalta, novamente, a importância da alocação em papéis atrelados à inflação.
Ela cita o ETF da gestora, o NTNS11, que investe em títulos públicos com duration de 0 a 4 anos, com um yield de IPCA+6,47% e volatilidade de apenas 1,74% no acumulado dos últimos 12 meses”, comenta a especialista.
Ou seja, o investidor também precisa analisar a volatilidade dos papeis, não apenas o retorno. Até porque, a rentabilidade do título público está atrelada ao seu vencimento. Até lá, os preços dos títulos variam bastante.
Enquanto os títulos de prazos mais curtos ainda mantêm resultados positivos até o momento em 2024, os de prazos mais longos, como o Tesouro IPCA+ 2045, sofreram desvalorização de cerca de 9,93%.
Os fundos de crédito privado que batem o tesouro direto
Os fundos de crédito privado capturam oportunidades em setores diversificados. A gestão ativa desses fundos, teoricamente, permite aproveitar condições favoráveis do mercado e minimizar riscos.
Em um ambiente de juros altos, os títulos privados tendem a emitir com taxas de retorno mais atrativas, permitindo que os fundos de crédito capturem esses ganhos adicionais.
Da AZ Quest, os fundos AZ Quest Supra FIC FIM CP e AZ Quest Debêntures incentivadas FIM CP estão com retorno de 15,73% e 15,40%, respectivamente.
Há inclusive os fundos chamados de “high grade”, que apresentam um risco menor de inadimplência ao investir em ativos com alta qualidade de crédito.
Esse é o caso do fundo Multi Credit, um gerido pela Clave e que apresenta uma rentabilidade acumulada de 22,47% nos últimos 12 meses, acima dos 18,93% do CDI no período, e do Multi Credit Prev Fife I.
Porém, os investidores devem estar atentos ao seu perfil de risco antes de investir no Tesouro Direto, em produtos de crédito privado ou ativos listados em bolsa.