Como a guerra comercial entre EUA e China pode afetar o Brasil? 

A recente confirmação do presidente Donald Trump, que impôs uma tarifa de 125% sobre produtos chineses, marca um novo capítulo na guerra comercial global, seguida de uma pausa de 90 dias para outros países que também foram taxados. Como fica esse cenário para o Brasil? 

Na visão de especialistas, isso pode resultar em inflação elevada e desvalorização de ativos na bolsa de valores.

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A disputa entre os dois gigantes do comércio global gerou uma valorização imediata do dólar, que superou a marca de R$ 6,00 nesta semana, trazendo implicações diretas para o Brasil, visto que o Real brasileiro se desvalorizou frente ao dólar americano. 

A alta da moeda norte-americana pressiona ainda mais a inflação no país, encarecendo produtos essenciais importados, como combustíveis e tecnologia. 

Segundo Theo Braga, CEO da SME The New Economy, “com a taxação americana de 104%, o comércio global entra em zona de turbulência. A valorização do dólar é imediata e agressiva, penalizando o poder de compra dos brasileiros e encarecendo produtos essenciais”. 

A elevação das taxas de juros, atualmente em 14,25%, tende a desestimular os investimentos e prejudicar o crescimento econômico. No entanto, nem tudo são desafios, comenta o especialista. 

Principalmente com a China buscando alternativas para seus fornecedores nos EUA, o Brasil pode melhorar sua posição no mercado internacional, principalmente no fornecimento de soja, carne e outros produtos agrícolas. 

Porém, Braga comenta que isso exigirá uma atuação bem planejada e a superação de desafios logísticos e institucionais. “A chave para o sucesso das empresas brasileiras estará em sua capacidade de se adaptar a um cenário volátil e imprevisível, enquanto buscam novos mercados e estratégias para mitigar os impactos negativos dessa crise econômica global”, finaliza Theo Braga.

Guerra comercial afeta diretamente os mercados de risco no Brasil, afirma economista da AZ Quest

Já para os investidores, o cenário ficou bastante “nebuloso”, após a retaliação à China e o aumento das tarifas. 

Com o aumento recíproco das tarifas entre EUA e China, criou-se um ambiente mais forte de recessão global, afirma André Muller, economista da AZ Quest. “Isso afeta diretamente as bolsas de valores dos países emergentes, uma vez que os investidores começam a exigir um maior prêmio de risco. A incerteza aumentou em relação à inflação e ao crescimento econômico dos EUA”.  

Além da desvalorização dos ativos de risco, isso pode aumentar a busca por investimentos mais “seguros”. 

Outro fator complicador para o Brasil é que, dependendo do que acontecer diante da atual guerra comercial, eventualmente, “o BC poderia revisar a condução da política monetária”, comenta o economista.

A perspectiva do mercado é que a taxa Selic alcance 15% até o fim do ano. Mas a crise global atual pode piorar essa expectativa.   

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Gustavo Bianch

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