De maneira geral, os preços dos combustíveis foram grandes vilões da inflação de 2021, porém, esse cenário não deve se repetir neste ano, de acordo com a avaliação do coordenador dos índices de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz.
Apesar de o petróleo estar retornando para as cotações máximas do ano passado, em torno dos US$ 80 por barril do tipo Brent, outros fatores devem amenizar os preços dos combustíveis, segundo Braz.
“Ano passado teve desvalorização cambial grande e aumento do preço em dólar do petróleo, houve desmobilização da cadeia produtiva, o que está sendo retomado este ano”, disse o coordenador.
O economista ressalta que, apesar de a variante Ômicron estar no radar global, ameaçando a retomada de grandes economias, ela não deve ter o efeito que a pandemia provocou nos anos anteriores (2020 e 2021). “Temos condições de ter preços mais estáveis este ano”, afirmou.
Disparada dos combustíveis em 2021
O diesel foi o combustível fóssil que mais subiu no ano passado (46,8%), na comparação com 2020, segundo o Levantamento de Preços de Combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e de Biocombustíveis (ANP). No ano, o ranking ficou assim:
- Diesel: 46,8%,
- Gasolina: 46,5%,
- Gás Natural Veicular: 40,1%, e
- Gás de cozinha: 35,8%.
Os aumentos acompanharam o preço do petróleo no mercado internacional, que em um ano de instabilidade subiu cerca de 40%, alavancado pela recuperação da economia global com a evolução da vacinação contra o Covid-19.
O etanol também disparou no mercado interno, com os produtores priorizando a produção de açúcar, em alta no mercado mundial, reduzindo a oferta nacional. Segundo a ANP, nos postos de abastecimento, o etanol subiu 60% no ano passado.
Petróleo em 2022
Para Henrique Jager, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustiveis (Ineep), o petróleo deve ter uma leve queda no primeiro semestre de 2022, com o fim do inverno no Hemisfério Norte.
Entretanto, os derivados da commodity devem se manter nos patamares atuais devido a recuperação da margem dos postos de abastecimento, que não repassaram todo o aumento da Petrobras (PETR4) no ano passado.
Nas refinarias da Petrobras, o aumento da gasolina, por exemplo, foi de 63,3%.
Outro agravante, destaca o pesquisador, será a continuidade da alta do açúcar no mercado internacional, que deve manter o preço do biocombustível em alta, o que afeta a gasolina, cuja mistura está no patamar de 27%.
“Não existe grande espaço para redução dos derivados, apenas se a Petrobras reduzir o preço na refinaria por decisão política, o que pegaria muito mal para a empresa”, disse Jager, sobre o preço dos combustíveis em 2022.
Com informações de O Estado de S. Paulo.