Wataru Ueda

A importância dos fundos de investimento para fomentar inovação

Quando uma empresa consegue comprovar que tem alto potencial de retorno, ela seduz o capital de risco.

Não se produz inovação do nada. Não basta uma ideia brilhante e muita disposição. Seja público ou privado, o capital sempre é necessário para estimular a inovação.

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No livro O Estado Empreendedor, a economista Mariana Mazzucato mostra que toda a estrutura norte-americana de investimento público em inovação é feita por meio de agencias descentralizadas, muitas financiadas pelo Departamento de Segurança Nacional.

Muitas tecnologias, como GPS, drone e inteligência artificial tiveram seus processos embrionários em investimentos públicos a fundo perdido.

Ao entrar com capital antes mesmo do setor privado ter interesse, o setor público já pode participar como agente. No Brasil, temos bons exemplos, como o Fundo Criatec, criado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e gerido pela gestora KPTL.

É claro que estamos falando igualmente de áreas cujas pesquisas podem levar anos, como bio e nanotecnologia, por exemplo. Se não fosse pelo investimento estatal americano, chinês e sul coreano – para citar três países que acreditam muito nesse modelo – não teríamos tantas empresas privadas apostando.

De acordo com o livro, 80% das tecnologias embutidas no iPhone são oriundas de projetos públicos, que em seguida foram aprimorados pela Apple.

Fundos de investimento de capital privado favorecem o jogo de pequenos e médios empreendedores numa escala maior. Existem fundos de venture capital mais robustos, private equity e family offices que apostam em empresas com um certo grau de maturidade.

Contudo, nos últimos cinco anos, com a progressiva redução da taxa de juros houve uma pulverização de fundos de investimento no Brasil.

Daí consolidou-se a certeza de que é muito melhor ter o capital rodando na chamada “economia real”, em detrimento dos rendimentos fixos dos bancos, com poucas melhoras concretas para a sociedade. Esse dinheiro circulando impulsiona a inovação e todos ganham mais.

O aumento de investidores registrados e de empresas abrindo capital na B3, a bolsa de São Paulo, só indica o crescente interesse em investir em companhias que produzem e geram empregos.

Os fundos de investimento são essenciais para a inovação. Especialmente os de Venture Capital, que investem em negócios early stage, com risco mais alto, mas com potencial de mudar hábitos de consumo e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Se não fosse esse apetite de gente acreditando que uma empresa pode mudar o mundo, muita coisa não teria acontecido. Empresas disruptivas, como Uber, Netflix e AirBnb sonharam grande lá atrás e reinventaram segmentos.

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Todos assumiram muitos riscos e ter um investidor que acredita nisso nos estágios mais iniciais é uma benção. É um visionarismo compartilhado, já que é evidente o interesse em contrapartidas financeiras. Mas ter alguém disposto a investir é fundamental para criar as condições possíveis para que a inovação aconteça.

O papel dos fundos de investimento é farejar e impulsionar os negócios do futuro. Compreender o contexto em que vivemos e desenhar a demanda, antecipando movimentos maiores. Estes investidores precisam desenvolver metodologias poderosas de análise e projeção.

Certamente comete-se equívocos de avaliação e nenhum movimento tem 100% de exatidão, caso contrário esse tipo de investimento seria chamado “capital de retorno garantido” e não “de risco”.

Ao mesmo tempo em que são parceiros, estes fundos são viabilizadores de sonhos. Possibilitam que empreendedores ousados criem os negócios do futuro. Além do recurso financeiro, os fundos também trazem a governança para essas startups, que muitas vezes é o que falta. Muitos empreendedores são muito técnicos, mas carecem de expertise em outras áreas.

Portanto, é muito bem-vinda essa experiência para saber o momento certo de ir ao mercado, como atrair e manter bons profissionais, criar uma rotina de definição de metas e ter métodos para alcançá-las.

Os fundos trazem esse cadenciamento, até por obrigação fiduciária, uma vez que são abastecidos por cotistas, que lhes entregam seus recursos e confiam em sua boa administração. Assim, as empresas tornam-se mais organizadas e focadas no resultado que aquele negócio precisa trazer.

Hoje em dia o propósito da companhia é mais do que uma moda, mas uma realidade. As preocupações ambientais, sociais e de governança condensadas na sigla ESG definitivamente se estendem aos fundos de investimento e ao seu relacionamento com as investidas.

Fundos como o VOX Capital, por exemplo, estão dedicados a encontrar negócios capazes de receber investimento de impacto e transformar, de fato, o mundo ao redor.

Por outro lado, como é que a inovação pode seduzir o capital de risco? Como este vive de evolução, ele busca ser aplicado em negócios que ainda não se mostraram ou que ainda podem se desdobrar de formas, todavia não visíveis. São negócios que ainda têm alta incerteza, mas que geralmente estão criando o futuro.

Quando a inovação está criando o futuro, sem saber o que vai dar certo ou não, ela geralmente é trabalhada por incrementos. São pequenos avanços que vão derrubando aos poucos as incertezas e paradigmas.

É muito raro nascer “do nada” algo completamente inédito e disruptivo numa categoria, ou então um produto ou serviço criar um novo segmento de mercado. Normalmente a inovação se dá por etapas, por acréscimo, já que as tecnologias são progressivas.

Essas pequenas evoluções vão demonstrando aos poucos o potencial de uma ideia nova. Podemos imaginar um gráfico com dois eixos: risco e potencial de retorno. Sempre se busca uma inovação com baixo risco e alto rendimento.

Porém, as incertezas são inerentes ao jogo do avanço tecnológico. A empresa vai fazer testes, encontrar o produto mínimo viável (ou MVP, na sigla em inglês), vai ao mercado mostrar que a solução é executável e que tem potencial de escalabilidade.

Quando uma empresa consegue comprovar essa tese e mostrar que tem alto potencial de retorno, ela seduz o capital de risco. É o caso da própria Magnamed, uma vez que ela é fruto desse capital de risco.

Em outras palavras, portanto, o que esse tipo de capital procura é pistas de que aquilo é viável e de que existe mercado. Daí temos o início de uma parceria promissora.

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Nota

Os textos e opiniões publicados na área de colunistas são de responsabilidade do autor e não representam, necessariamente, a visão do Suno Notícias ou do Grupo Suno.

Wataru Ueda
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