Tulio Portella

A nova era na relação do brasileiro com investimento em câmbio

Recuperação forte no setor de turismo, entrada em vigor da nova legislação cambial em dezembro, cenário pós-eleitoral e momento que reúne pela primeira vez Copa do Mundo com Natal e Réveillon direciona os holofotes para o investimento em moeda estrangeira, de uma forma jamais vista no país

Este é um momento muito especial para o setor de câmbio. O segmento de turismo, altamente conectado às variações da moeda estrangeira, finalmente levanta voo pós-pandemia. E tem mais: sua alta será coroada com uma combinação inédita de eventos. Na sequência do processo eleitoral, que tradicionalmente afeta as cotações do dólar, pela primeira vez a Copa do Mundo coincide com o cenário que une férias escolares, Natal, Réveillon e Carnaval, quando o número de viagens internacionais cresce. Das urnas à explosão de confetes, serão cerca de quatro meses, período em que entrará em vigor também o novo Marco Cambial, em 31 de dezembro.

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Oportunidades como essa são raras e, por isso mesmo, importantes para repensar a relação que o brasileiro tem com o câmbio. Ainda hoje essa área permanece muito atrelada à atividade turística, quando em geral se deixa para comprar moedas estrangeiras como dólares ou euros na última hora, na esperança de que os valores vão reduzir até a hora de viajar.

Como todo investimento, câmbio é estratégia. No turismo, em horizontes de intensa flutuação e de perspectiva de alta dos juros com desaceleração econômica global, uma saída para quem tem alguns meses até a viagem é comprar aos poucos, para não se deparar com uma cotação no auge às vésperas de ir para o aeroporto. No caso da Copa do Mundo, ocorre o contrário. Se possível, melhor antecipar a compra, pois a tendência é o rial do Catar – que só parece o nosso “real” no nome – permanecer em alta até o fim dos jogos.

O turismo ainda tem muito espaço para se fortalecer. De acordo com o Banco Central, os brasileiros gastaram US$ 9 bilhões no exterior nos primeiros nove meses do ano, quase o triplo do mesmo período do ano passado, mas abaixo de 2019, quando os gastos superaram os US$ 13 bilhões. Embora muitas questões relacionadas à compra de moeda para viagens ainda devam aparecer, vale lembrar que moeda estrangeira não serve apenas para passear. E essa é a percepção que vai transformar o mercado de câmbio nos próximos anos.

O segmento caminha no sentido de familiarizar as pessoas com esse tipo de investimento de longo prazo, incentivando o planejamento financeiro e a composição do patrimônio. O próprio Marco Cambial visa simplificar entrada e saída de dólares no país e ampliar o espaço de fintechs e outras empresas nesse mercado, aumentando a competitividade das organizações, as possibilidades e reduzindo taxas para o consumidor, o que democratiza os serviços.

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Sem entrar nos pormenores da legislação, é importante frisar que tem ficado mais fácil para o cidadão comum pensar o seu bolso sob a ótica global. O mercado, hoje, está repleto de empresas de todos os portes que investem ou movimentam negócios com maior agilidade e menos burocracia no câmbio. Inclusive pessoas físicas que, além de guardar para fazer as viagens dos seus sonhos, protegem-se das oscilações da economia com aplicações em dólar.

Hoje, alguns bancos digitais já oferecem conta em moedas estrangeiras. Em outros, é possível encontrar opções que facilitam a preservação do patrimônio com investimento direto em dólar. A partir de um tíquete acessível, serviços que proporcionam a chance de guardar dinheiro no Brasil, com fundos que investem nos EUA, trazendo segurança para quem deseja mandar os filhos para estudar no exterior, realizar uma viagem ou mesmo se aposentar.

O que esse momento único tem a nos mostrar é que o turismo é apenas uma parte do setor. O câmbio é muito maior. Um investimento que tem a ver com o nosso futuro.

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Nota

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