Tiago Ferreira

Alternativos sempre, diversificação também

Além dos retornos potencialmente mais elevados, os investimentos alternativos também apresentam baixa correlação com as opções tradicionais

É sabido que o cenário global aponta para um período de taxas de juros mais elevadas, possivelmente mais prolongado do que estava previsto. Adicionalmente, o forte desempenho das bolsas em 2023 tem desencorajado a inclusão de investimentos alternativos nos portfólios, devido à sua menor liquidez e complexidade de gestão.

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Vale destacar que, devido ao seu histórico, classes de ativos como Private Equity, Venture Capital, Infraestrutura, Real Estate e Crédito Estruturado continuam a oferecer retornos esperados superiores às principais classes tradicionais, como ações e renda fixa. Esses ativos desempenham um papel crucial na proteção e multiplicação do patrimônio no longo prazo.

Além dos retornos potencialmente mais elevados, os investimentos alternativos também apresentam baixa correlação com as opções tradicionais. Estas tendem a sofrer em períodos de taxas de juros mais altas e restrições de capital mais severas, o que faz surgir oportunidades para gestores de alternativos adquirirem ativos a preços vantajosos ou concederem crédito com garantias mais robustas e spreads mais atraentes. Por outro lado, devemos também reconhecer que esses momentos são, via de regra, desafiadores em termos de captação de recursos e disponibilidade de fundos.

Com a crescente popularização dos alternativos entre o público em geral, deve-se ter cautela para avaliar cuidadosamente o percentual alocado a essa classe e o nível de diversificação dentro dela. Um estudo¹ conduzido pela Cambridge Associates demonstrou que investidores institucionais, como endowments e fundações, que mantiveram consistentemente uma exposição mínima de 15% em alternativos ao longo de janelas temporais de 20 anos, posicionaram-se no primeiro quartil de retorno. Sem contar que o mesmo estudo revelou que a diversificação reduziu significativamente o risco de perda de capital, com uma alocação em 9 fundos resultando em uma probabilidade de perda de capital inferior a 1%.

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Outro ponto relevante é que uma parte considerável da criação de valor pelas companhias que acontecia no mercado de ações tem sido deslocada para o ambiente de companhias fechadas. Segundo artigo² da Hamilton Lane, no início de 2000, havia 7.810 empresas listadas publicamente. Até o final de 2020, esse número havia caído para apenas 4.814. E aquelas que decidem abrir capital parecem estar esperando mais tempo para dar esse passo. Dentro do setor de tecnologia, por exemplo, um estudo descobriu que a idade média de uma nova empresa pública aumentou de 4,5 anos em 1999 para mais de 12 em 2020. Estes fatores indicam que o mercado de empresas não listadas está cada vez mais tomando espaço do de empresas negociadas em bolsa e isso deve refletir na carteira dos investidores.

Considerar a alocação na classe de investimentos alternativos, integrando-os com os ativos tradicionais, otimizando a relação entre risco e retorno, e ajustando o percentual de acordo com o horizonte de investimento e as necessidades de capital do investidor é fundamental para se obter sucesso na proteção, perpetuação e crescimento de qualquer patrimônio. E a hora de investir em alternativos é sempre agora.

1 – https://www.cambridgeassociates.com/wp-content/uploads/2019/02/Private-Investing-for-Private-Investors-1.pdf

2 – https://www.hamiltonlane.com/en-us/insight/staying-private-longer

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Nota

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Tiago Ferreira
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